Em Portugal vivemos constantemente num mítico culturalmente correto de que os comandos técnicos são uma espécie de jogo das cadeiras, onde quem chega primeiro, tem o lugar e ganha. Porém, esquecemos-mos facilmente que para haver um bom resultado é preciso ser perspicaz, assertivo e ter as estratégias bem definidas.
É aí que reside o problema! Este recorde de chicotadas psicológicas nos clubes são o espelho do quão importante é refletir os modelos de gestão e de planeamento dos clubes. Da mesma forma que Roma não se fez num dia, um projeto/equipa também não se constrói num dia. Muito menos quando não se tem omeletes para se fazerem os ovos.
Um bom exemplo disso, é o que se tem passado com o Famalicão. A despedida do João Pedro Sousa, foi por si só, muito mal explicada e, de certa forma, demonstra falta de gratidão para com o próprio. Para a sua sucessão, chegou Silas. Não aguentou mais do que 6 jogos no comando técnico.
Se olharmos para os clubes que esta época têm tido mais chicotadas, verificamos que são aqueles que estão a lutar pelos lugares de descida. Isso leva-me a pensar que tem de haver uma profunda reflexão sobre a acentuada diferença entre os diversos clubes.
E aqui, há vários pontos a debater. Reflexão essa que tem de ir além de orçamentos e de uma reforma sobre o número de equipas a competir no principal escalão. Acima de tudo, aquilo que é necessário e urgente, é apostar numa melhor formação dos dirigentes desportivos. Andar sistematicamente na dança de treinadores, não só beneficia a instabilidade, como torna ainda mais forte a imagem que se transmite para os a que, ao mínimo sinal negativo, se pode pedir a cabeça do treinador. É errado!
Quem gere um clube, tem de refletir bem e pensar na imagem que se passa para o exterior! Com isto tudo, ganhamos uma pior cultura desportiva e desperdiçamos boa matéria prima! É preciso alterar mentalidades e não dar chicotadas inoperacionais.