«Um passo errado poderá acabar com tudo aquilo que construímos com muito sacrifício»

A Direcção do Terras de Bouro emitiu hoje um comunicado para esclarecer o seu ponto de vista em relação ao início dos campeonatos distritais na AF Braga. O clube terrabourense diz que não está contra o arranque das provas, mas sim contra as datas propostas pela Associação bracarense, numa altura em que os contágios do vírus estão a aumentar. O clube mostra-se também contra os jogos à porta fechada.

 

Comunicado da ADRC Terras de Bouro

A.D.R.C. Terras de Bouro vem por este meio emitir um comunicado em relação ao começo dos campeonatos distritais. A Direcção acha por bem, antes de tomar a sua decisão final, dar a conhecer a suas ideias aos responsáveis da AF Braga e aos associados do clube.

Esta pandemia que estamos a atravessar, e que nos vai marcar para sempre, deve merecer mais atenção de todos, pois um passo errado poderá acabar com tudo aquilo que construímos com muito sacrifício e dedicação, poi uma grande maioria dos clubes se fechar as portas nunca mais as vai abrir.

Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história e como nós todos sabemos com tendência a piorar tanto no sector da saúde, como a nível económico, como consequência o desporto amador está, e irá sofrer, danos gravíssimos na sua sustentabilidade.

Por isso, está mais que na altura de reflectir, pensar na segurança de todos e nas condições que cada um pode oferecer para garantir as mínimas exigências para a retoma dos campeonatos.

Sabemos que maior dos clubes não tem essas condições. Não vale a pena esconder “o sol com a peneira”.

Vamos ter o mínimo de dignidade. As provas estão aí, só não as vê quem não quer. Até nos clubes profissionais as situações estão a acontecer, mesmo com todas as condições de segurança que eles oferecem aos seus atletas.

A juntar a isto, temos ainda o facto de os jogos serem à porta fechada. O futebol é o quê? Não é um espectáculo? A mim sempre me ensinaram que sim. Os espectáculos são proporcionados para quem? Para o público. Se não há público onde está o espectáculo?

Onde vão os clubes buscar receitas?

As receitas são oriundas de patrocinadores, bilheteira, sorteios e demais actividades desenvolvidas pelos clubes em vista à sua sustentabilidade.

Com as portas fechadas de onde vão vir as receitas? De lado nenhum.

Chamo a atenção para outro ponto, não digo que seja o mais importante porque esse é a saúde, mas dos mais importantes. O porquê de arrancarem os campeonatos seniores e a formação não.

Os seniores não são de carne e osso como os jogadores da formação? Não apanham o vírus? São auto-imunes? Não são uma fonte de propagação? Não tem famílias?

Pois, mas a formação, se calhar, não mexe com tantos euros para quem administra e tutela o futebol.

Mais uma vez deixam as associações e clubes para trás e olham pelas suas vidinhas!

As condições exigidas pela DGS não são exequíveis no contexto amador onde estamos inseridos. Claro, salvo raríssimas excepções, falta segurança e confiança aos atletas, como muitos já tem demonstrado com o abandono da modalidade e outros preparam-se para seguir o mesmo caminho.

A ADRC Terras de Bouro não diz não a este campeonato, mas sim ao contexto e ao momento em que as provas vão arrancar.

Não há nada que pague uma vida!

Sejamos responsáveis. Sejamos todos agentes da saúde pública.

Gratos pela vossa atenção;

O presidente:
Carlos Miguel Pereira Rodrigues