Um amarense a brilhar no trail 

A conversa foi agendada para uma segunda-feira, único dia da semana em que Avelino Macedo dá mais folga ao corpo. Na manhã de domingo, tinha conquistado mais um prémio, ao vencer o trail longo de Santa Luzia, no escalão de M45. E lá estava o troféu exposto no “museu” de casa, entre centenas de muitos outros que o atleta foi ganhando ao longo destes sete anos dedicados ao trail.

É quase como um “santuário” que Avelino tem orgulho em dar a conhecer a quem o visita, o que se comprova na forma como descreve cada uma destas conquistas, sempre com brilho nos olhos.

Um problema de saúde (hérnia discal lombar) levou-o às corridas, em 2016, e ao longo destes anos tem-se afirmado no mundo do trail, sendo actualmente um atleta reconhecido na modalidade e respeitado pelos adversários.

«Lembro-me como se fosse hoje. Comecei, aos 38 anos, numa brincadeira, num duatlo com os amigos, no Alívio, porque andava sempre com dores nas costas e o médico recomendou-me a corrida. É verdade que a hérnia ainda cá está, mas está adormecida (risos), já não sinto dores, os problemas de saúde desapareceram», contou Avelino Macedo.

 

A evolução do atleta ao longo deste período tem sido notável. Em cada prova que entra, Avelino quase sempre sobe ao pódio, seja na classificação geral, seja no seu escalão. É verdade que não é um profissional, mas, como faz questão de sublinhar, dentro do amadorismo gosta de «levar as coisas muito a sério».

«Posso dizer que não sou uma pessoa muito competitiva, mas quando entro numa prova gosto de ganhar. Já sinto respeito dos adversários e sou convidado para muitas provas, isso é sinal do prestígio que fui conquistando ao longos destes anos», apontou.

«Tenho evoluído muito, também com a ajuda de alguns patrocinadores, principalmente ligados à área da recuperação, como a Fisiminho. Recentemente consegui um patrocínio de uma clínica dentária, João Paulo Ribeiro, em Guimarães. A Junta de Freguesia de Fiscal, e as minhas irmãs, que confeccionam doces tradicionais, também me apoiam, porque isto ao fim do mês tem um custo um bocado elevado, devido à suplementação. Sinto que se tivesse mais apoios podia evoluir muito mais, mas ao andar a este nível já me sinto feliz e realizado», acrescentou Avelino Macedo.

A verdade é que o sucesso anda sempre aliado ao trabalho e só com sacrifício é que se consegue atingir o topo, mesmo dentro do amadorismo, como é o caso de Avelino, que todos os dias, excepto à segunda-feira, chega do trabalho, troca de roupa, dá corda às sapatilhas e vai monte fora fazer mais 20 quilómetro de corrida.
«Às vezes troco a corrida pela bicicleta [outra das suas paixões], pois sou um dos fundadores do CC Rendufe e gosto de participar nos passeios e convívios do grupo. Isso rouba tempo à família, mas eles compreendem e também gostam», explicou.

Cuidados com a alimentação
«Uma semana antes das provas tenho de ter um pouco de cuidado com a alimentação e gerir também melhor os treinos, porque tenho vindo a fazer provas quase todos os fins-de-semana e a minha idade já não permite grandes brincadeiras», expôs o atleta, de 45 anos, que trocou a equipa do Vila Verde a Correr pelo Minho e Lima Trail.

«Sentia-me bem no Vila Verde a Correr, acabei por sair porque não me agradaram algumas coisas. A minha nova equipa acolheu-me muito bem, tem-me ajudado muito e vou continuar cá no próximo ano», confidenciou.

 

O sonho de subir o do Mont Blanc
A praia de Avelino é o Circuito Nacional de Trail Sprint, uma prova onde é feita uma selecção dos melhores atletas de cada escalão.
«Em dois anos seguidos consegui o objectivo, que era ficar em primeiro no meu escalão. Já fui também duas vezes Campeão Regional de Braga e uma em Viana, onde estou agora a competir pelo Minho e Lima Trail», disse o atleta, apontado o TransPeneda-Gerês (55km) como a prova que mais lhe custou superar.
«Sou um atleta de distâncias mais curtas e decidi experimentar uma mais longa e posso dizer que não foi nada fácil, foi muito difícil de superar», proferiu. Avelino Macedo tem o sonho de um dia subir o Mont Blanc, na distância de 170 quilómetros.