Semear e colher tempestades

O que se passou no clássico entre Porto e Sporting ultrapassou todos os limites do aceitável para o bom espetáculo do futebol. Podem ambos os clubes atirar pedras um ao outro. A verdade é que nenhum sai isento de culpas!

Os primeiros responsáveis são os dirigentes que, sistematicamente, antes e depois dos jogos, incendeiam o ambiente. Qualquer apaixonado por futebol sabe que este é um desporto de paixões e emoções e paixões fortes e um clássico como este, leva-as ao limite. Por isso, exige-se dos principais intervenientes uma postura mais madura.

Olhando para o jogo, tivemos uma primeira parte muito bem disputada, mas que terminou já com o ambiente pesado. Na segunda parte, o ambiente e o espetáculo proporcionado, foi deprimente. Não há outra descrição. O tempo útil de jogo resumiu-se a praticamente, zero. Houve sistemáticas perdas de tempo e guerrilhas desnecessárias.

Tiveram responsabilidade os jogadores, mas a arbitragem também teve responsabilidade. O árbitro principal não teve pulso no jogo. Não teve critério disciplinar nem soube impor-se sem causar danos maiores. Esteve bem na decisão de chamar os capitães para serenar os ânimos, mas mal na forma como o fez. Não o devia ter feito com ruído à volta, mas sim, à parte. T

Também não esteve bem ao permitir sistemáticas perdas de tempo. Não foi bem auxiliado pelos árbitros assistentes nem pelo VAR. Estes podiam e deveriam ter um papel mais interventivo.

O que se desencadeou no final do jogo, espelha bem a falta de capacidade de liderança e pulso da arbitragem. As cenas de violência têm de ser severamente punidas! Não se pode continuar a olhar para este assunto de ânimo leve ou agir de igual forma.

Os dirigentes têm também de ser responsabilizados. Um dirigente com a responsabilidade que tem o presidente do Sporting, não pode proferir declarações do género das que proferiu no final do jogo, sobre o clube adversário. Muito menos quando o próprio clube tem telhados de vidro nesta matéria. Não há desculpas. Teve mais do que tempo para ponderar sobre o discurso que ia fazer.

Os responsáveis do Porto também têm de ser chamados à responsabilidade. Não se pode aceitar que continuem para além dos jogos com troca de acusações e provocações. Quem tutela a área do desporto tem de tomar uma posição mais dura para erradicar de vez este tipo de comportamentos!

Sabemos que a maioria dos adeptos não tem culpa em muitas destas situações, mas uma das medidas que está prevista e que não tem sido aplicada de forma eficaz, é a de interdição de público nos estádios!
Havendo jogos à porta fechada e multas mais pesadas, seria o sinal de um início de transformação e de não conivência com comportamentos violentos. Precisamos de agir e pensar que futebol queremos, que produto queremos vender e, mais importante do que isso, que sociedade queremos!
Caso contrário, continuaremos a semear ventos e a colher tempestades!

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