Produtividade é o resultado daquilo que é produtivo, ou seja, do que se produz, do que é rentável. É a relação entre os meios, recursos utilizados e a produção final. É o resultado da capacidade de produzir, de gerar um produto, fruto do trabalho, associado à técnica e ao capital empregado.
Produtividade é a expressão da eficiência de qualquer negócio. Para o futebol de formação, por exemplo, a produtividade está diretamente ligada à eficiência em potenciar jogadores para o futebol sénior.
No processo de certificação da FPF junto dos clubes de futebol, o critério 9 – Produtividade, não está lá por acaso, mas sim porque exige essa condição. Em momento algum desse critério se fala, reconhece ou valoriza títulos de conquistas desportivas, mas sim tudo o que diz respeito à condição Atleta.
Valoriza o número de atletas integrado na equipa sénior dos clubes nos últimos 3 anos, jogadores que integrem a equipa sénior dos clubes e que tenham estado 3 ou mais anos na formação desse mesmo clube, jogadores da formação integrados nas equipas B, SUB/23 ou satélites, proveitos e direitos económicos de jogadores provenientes da formação dos clubes onde se formam, jogadores nas seleções nacionais ou distritais, jogadores com jogos em competições nacionais ou estrangeiras, jogadores com jogos em escalões competitivos superiores e carreira Dual e enquadramento académico.
São, portanto, estas as variantes que importam quando falamos em produtividade e não quantos campeonatos de Benjamins, Infantis, Iniciados, juvenis ou Juniores o clube ganhou.
Em Portugal, segundo dados da FPF, temos cerca de 142 000 praticantes de futebol federado do sexo masculino, onde pouco mais de 1% chega ao profissionalismo, o que deve ser um indicador forte de sensibilização junto dos agentes desportivos, treinadores e Encarregados de Educação.
Estes indicadores devem servir para conduzir sonhos e espectativas de forma equilibrada e realista, desmistificando o mito dos títulos desportivos obtidos nos escalões de formação, como fator de boa formação e produtividade. Estes servem apenas como uma espécie de operação de Marketing dos clubes para captar mais atletas, para aumentarem a sua rentabilidade financeira e eventualmente criarem equipas mais competitivas, assim como promoverem-se adultos treinadores e dirigentes através da imprensa ou redes sociais.
Quantos títulos somou Cristiano Ronaldo na sua formação? João Félix e muitos outros que despoletaram ou despoletam no nosso futebol? Poucos, mesmo muito poucos. O Barcelona é um exemplo nesta matéria, e atualmente surge como o primeiro formador a nível mundial, são cerca de 43 os jogadores, 13 dos quais no seu plantel e 30 em outros emblemas, e não tem sido campeão de juniores em Espanha desde 2010/11. Tem sido campeões o Atlético de Madrid, Málaga, Villarreal e Real Madrid (dados soccerway.com)
É evidente que com estes conceitos não pretendo de todo dissociar o formar do ganhar, pretendo sim reforçar que o futebol de formação constitui um processo gradual, onde nem sempre, ou atrevo-me a dizer, de acordo com pesquisas feitas, poucas vezes saem das equipas vencedoras jogadores que atingem patamares de excelência no futebol profissional e não sou eu que o digo, são os dados estatísticos que o corroboram.
Produzir no futebol de formação vai muito mais além dos títulos desportivos, o melhor título que um jovem jogador pode ganhar é progredir em todas as suas etapas de formação conseguindo assim, alcançar o patamar máximo do futebol, na materialização dos seus sonhos. Torna-se assim imperativo que todos reflitam sobre esta matéria e se concentrem no que é então, a verdadeira produtividade!