«Os jogadores têm de se sentir úteis e ser tratados todos da mesma forma, independentemente da sua qualidade»

José Brandão, conhecido no mundo da bola por Zequinha, regressou ao GD Prado em Novembro para assumir o comando técnico da equipa júnior, até então orientada por Henrique Rodrigues. O treinador diz que aceitou este desafio pela organização do clube e qualidade da equipa que «ainda podia chegar ao terceiro lugar» e estava nos quartos-de-final da Taça quando o campeonato foi interrompido pelo vírus Covid-19.

 

O que o seduziu no convite do GD Prado?
Foi um conjunto de vários factores. Primeiro pela qualidade que reconhecia à equipa, depois pela organização do clube, e, por fim, pela forma como foi tratado na época de 2017/18 pelos responsáveis do GD Prado.

Como avalia a formação do GD Prado?
É uma das melhores formações do distrito. Com qualidade organizativa e nos planteis.

Como encontrou a equipa?
A equipa encontrava-se de cariz baixo, sem confiança e com medo de arriscar, o que os levava a más decisões defensivas e ofensivas.

E que balanço faz da prestação da equipa até à altura da paragem dos campeonatos?
A equipa correspondeu muito bem ao que se pretendia, porém, nos primeiros jogos, disputados contra equipas que estavam acima na tabela classificativa, se o resultado fosse positivo mantinham a qualidade pretendida, caso contrário, a pressão e ansiedade descaracterizava o estilo de jogo pretendido.

Esperava mais?
Sim. O plantel do Prado, pela sua qualidade, poderia lutar pelos primeiros lugares, mas acredito que se o campeonato não tivesse terminado desta forma ficaríamos no 3.º lugar, porque estávamos a atravessar uma boa fase, quer nos resultados, quer na qualidade de jogo, com a vantagem de que os jogos com as equipas acima (que tinham apenas mais 3 pontos), iram ser em nossa casa. A Taça era  também um objectivo, apesar de nos quartos-de-final  recebermos o líder Merelinense.

  • Equipas com grande qualidade

Foi competitivo o campeonato?
O campeonato Sub-19 na Divisão da Honra é muito competitivo, com equipas de grande qualidade, umas que lutam pela subida aos nacionais e outras para se manter nesta Divisão.

Qual a equipa que mais trabalho lhe deu?
Os primeiros jogos, só pelo facto de pegar na equipa com o campeonato a decorrer já os torna mais difíceis. No entanto, o jogo com o Fafe, em casa, terá sido o que mais exigiu à equipa técnica  (Tive sempre do meu lado o Zé Diogo e Filipe, que me ajudaram bastante, quer nas decisões tácticas quer nas opções) , não só pela qualidade do adversário, mas também das adversidades que surgiram nas duas semanas anteriores,  como lesões e ausências por visitas de estudo. Apesar de ter praticamente todos os jogadores disponíveis, foi necessário fazer adaptações de forma a sermos coerentes com os atletas, porque nos tempos que correm os jogadores têm de se sentir úteis e ser tratados todos da mesma forma, independentemente da sua qualidade.

  • Muitos destes jogadores podem jogar nos seniores

Tem alguns jogados que podem integrar o plantel principal?
Não tenho dúvida que grande parte deles podem integrar a equipa principal, basta que esta tenha um treinador que não tenha medo de apostar nos jovens, o que infelizmente há poucos.

Concorda com a anulação dos campeonatos?
Apesar de ainda ter um título em disputa (Taça), concordo com a decisão tomada. A saúde é o bem mais precioso e a continuidade da prova iria colocar muita gente em risco.

Gostaria de dar continuidade a este projecto?
Julgo que qualquer treinador de formação gostaria de comandar esta equipa, pelo clube e principalmente pela sua qualidade, até porque esta época em média iniciava os jogos com 5/6 jogadores de primeiro ano e terminamos grande parte deles com oito jogadores também do primeiro amo

Fale-nos um pouco da sua carreira de treinador?
Iniciei a carreira como treinador (recordo que não tenho curso de treinador) quase por “acidente” no Arsenal da Devesa, no campeonato Nacional de sub-15, na época de 2014/15. Na altura, o Dinis Rodrigues (treinador do Maria da Fonte) convidou-me para seu adjunto, mas depois entendeu que devia sair e fiquei à frente da equipa.

Na época seguinte, voltei a suceder a um treinador que iniciou a época na equipa de Sub-16 (todos jogadores de 1º ano) do Merelinense, no campeonato da 1ª divisão distrital no qual tivemos um percurso tranquilo.

Em 2016/17, foi a primeira vez que iniciei um projecto desde o início nos sub-16 do Merelinense e apenas com jogadores do primeiro ano fomos campeões na I Distrital.

Na época de 2017/2018, voltei apenas em Dezembro para comandar a equipa de sub-17 do Prado na Divisão da Honra, que esta estava numa posição muito complicada na tabela classificativa, mas o objectivo foi alcançado com a manutenção.

Em 2018/2019, voltei ao Merelinense para comandar a equipa de sub-17 na divisão de Honra. Ficamos no 3.º lugar e garantimos a subida aos nacionais

Esta época, regressei ao GD Prado para treinador os juniores.