O treinador galinha vs mecanismos de retenção

Com o arranque da temporada 2019/20 entendi abordar uma questão que vai estando em “cima da mesa” e na “ordem do dia” ano após ano, quando falamos de futebol de formação e movimentações de jovens jogadores. Quem não conhece “aquele” treinador que pauta a sua atuação por uma espécie de fidelização de atletas e seus encarregados de educação, o denominado “treinador galinha”?

Para combater esta problemática, a Federação Portuguesa de Futebol, através do comunicado oficial n.º 1, datado de 25 de junho de 2019, regulamenta as regras do jogo onde são intervenientes os clubes e os atletas.

Assim, refere que o mecanismo de compensação é aplicado nas transferências entre clubes, multiplicando-se o valor da quota de transferência para os escalões de juniores A, B, C, e D ficando de fora os escalões de benjamins, traquinas e petizes.

Refere também que este mecanismo não se aplica à 1.ª e 2.ª transferência, aplicando-se a multiplicação dos 37.50€ a partir da 3.ª transferência por um modelo de coeficientes, a saber:

Coeficiente 3 na 3.ª transferência
Coeficiente 6 na 4.ª transferência
Coeficiente 12 na 5.ª transferência
Coeficiente 18 na 6.ª e seguintes transferências

A título de exemplo, se saírem 5 atletas do clube A (mesmo escalão), para o clube B, o clube A tem direito a receber do clube B a quantia de 12 (coeficiente) X 5 (número de atletas do mesmo escalão) = 450€.

Por outro lado, o mecanismo de retenção previsto na alínea a) da tabela 5 do CO nº 1, da época de 2019/2020, não se aplica se existir acordo escrito entre os clubes intervenientes no que diz respeito nas transferências de jogadores dos escalões de benjamins, petizes e traquinas; nas transferências de jogadores não pertencentes ao mesmo escalão, modalidade e género.

Nas transferências de jogadores sempre que o clube de origem não tiver o respetivo escalão e quando o jogador não tenha, pelo menos, uma época desportiva completa no clube de origem ou não tenha participado, na última época, em jogos oficiais.

Se por um lado estou ciente que alguns “tugas” vão sempre, numa ou noutra situação, dar a volta ao sistema, por outro lado esta medida vai de alguma forma ajudar na retenção de atletas nos clubes e fundamentalmente travar a aceleração dos “treinadores galinha”, configurando-se aqui um combate de forças antagónicas entre os mecanismos de retenção vs treinadores galinhas.

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