O mundo do futebol perdeu aquele que podemos considerar o presidente dos presidentes, Jorge Nuno Pinto da Costa.
É-lo não só pela paixão inigualável, pela sua característica ímpar de liderar, mas, acima de tudo, pelas conquistas e feitos inigualáveis no mundo do futebol!
Pinto da Costa fez do Porto um clube de grande dimensão e um símbolo da cidade. Nos seus 42 anos de presidência, conquistou 23 campeonatos, 22 Supertaças, 15 Taças de Portugal, 2 Taças Intercontinentais, 1 Taça dos Clubes Europeus, 1 Liga dos Campeões, 1 Taça UEFA e uma Liga Europa. Todas estas conquistas tornaram-no no presidente mais titulado do mundo!
O antigo presidente portista fez do clube a sua paixão, mas, acima de tudo, a sua vida, dedicando-se inteiramente ao clube!
Era um presidente que estava à frente do seu tempo, dos seus rivais na visão, na assertividade e na forma como lia e se posicionava no futebol.
Jorge Nuno Pinto da Costa lutou sempre contra um futebol centralista a Sul, lutando para que o Norte fosse parte ativa. Uma das grandes marcas é a mudança da sede da Liga para a cidade invicta!
Pinto da Costa tinha uma característica muito particular, o que fez com que tivesse demasiadas inimizades, principalmente com os clubes rivais.
Se olharmos para os últimos anos da sua gestão, verificamos algum desgaste, o que fez com que algumas das decisões tomadas não fossem as mais corretas.
Pinto da Costa podia ter tido uma saída mais airosa e uma homenagem digna ainda em vida. Contudo, creio que pela sua paixão, não foi capaz de sair em boa hora.
As homenagens que lhe fizeram no dia do seu velório demonstraram uma enorme unidade em torno da sua personalidade e foram de uma elevadíssima dignidade! Espelhou e respeitou a pessoa e o legado de Pinto da Costa!
Termino este meu artigo com parte do poema cântico negro de José Régio,
que o próprio gostava, e que julgo ser o espelho daquele que foi o seu modo de vida e a sua liderança!
Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens,
e desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, e vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem, amo os abismos, as torrentes, os desertos…
Ide! tendes estradas, tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca princípio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei para onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!