Os golos apontados na época passada (foi o melhor marcador da Pró-Nacional) e as exibições ao serviço do Joane fizeram com que fosse um dos jogadores mais cobiçados no mercado distrital. O Pevidém ganhou a corrida pelo avançado e Pedro Miguel de Sousa Rego, ou simplesmente Totas, não defraudou as expectativas de quem apostou nele. Foi o melhor marcador da equipa com 16 golos apontados em 26 jornadas e ainda tinha aspirações legitimas a revalidar o título de melhor marcador, embora o jogador sublinhe que o foco estava centrado «na conquista do título de campeão», disse o jogador de 21 anos.
Como é que os jogadores, e no seu caso em particular, estão a ligar com esta pandemia?
Esta pandemia afecta toda a sociedade. Como tal, os jogadores obviamente não escapam aos efeitos negativos desta situação. Para além de nos vermos privados de fazer aquilo que mais gostamos, sentimos falta uns dos outros e do convívio de balneário característico de futebol. No meu caso, tenho lidado com esta situação com a responsabilidade e consciência que a mesma exige. As minhas saídas de casa são exclusivamente profissionais e com o máximo de cuidado e protecção.
Vai ser uma longa paragem. Isso pode prejudicar a próxima época?
Pelo que me tenho apercebido pelas notícias, ainda não é possível estimar com relativa precisão quanto tempo isto poderá durar. Quero acreditar que o fim deste pesadelo está para breve e que a próxima época não fique minimamente afectada. A nível físico penso que esta paragem vai exigir uma preparação diferente mas o futebol distrital está cada vez mais bem recheado de excelentes profissionais que certamente irão criar modelos de preparação adequados à situação e tudo ficará bem.
Acha que o futebol distrital não voltará a ser o mesmo?
Penso que nada voltará a ser como antes. Muito menos a curto prazo. Acho que o impacto desta pandemia foi tal, que mesmo as próprias pessoas vão demorar algum tempo a ganhar confiança para fazer a vida normal em pleno. Obviamente, isto poderá ter alguma influência no futebol distrital. No entanto, sendo o futebol uma modalidade com responsabilidade social, acho que nos cabe a nós intervenientes nessa modalidade, proporcionar às pessoas momentos em que se possam divertir e desfrutar de bons jogos de futebol. Penso que os verdadeiros adeptos de futebol também já sentem saudades de ver jogos e isso pode até ter um impacto positivo na afluência de pessoas aos jogos na próxima temporada.
- «Não me parece justo “deitar fora” 2/3 terços do campeonato»
Concorda com a decisão da FF Futebol e seguida pela AF Braga. Ou pensa que haveria outra solução?
Enquanto jogador não me cabe concordar ou não com as decisões daqueles que são os órgãos máximos do futebol não profissional. Cabe-me sim aceitá-las e respeitá-las, pois entendo que são constituídos por pessoas habilitadas e competentes.
São decisões difíceis de tomar, acredito que foram pensadas com grande consciência no que respeita à segurança da saúde pública que é o mais importante neste momento.
Ainda assim, mesmo respeitando toda e qualquer decisão desses órgãos, não me parece justo “deitar fora” 2/3 terços do campeonato, premiando quem menos se preparou e não premiando quem investiu e quem melhor trabalhou até ao momento para ascender ao escalão superior.
Que balanço faz do campeonato a nível colectivo?
Fizemos um campeonato ao nível daquelas que eram as expectativas. O plantel e a equipa técnica teve um compromisso muito grande desde o primeiro dia com a intenção de conduzir o Pevidém ao título de campeão e defender o título da Taça AF Braga. Infelizmente, na taça não iríamos conseguir defender esse título porque já tínhamos sido eliminados, mas no campeonato acho que estávamos no bom caminho para celebrar o título. Para além disso, tivemos um percurso admirável na taça de Portugal, onde recebemos o Belenenses SAD, em casa e fomos eliminados. Por isso, o balanço em termos colectivos é bastante positivo.
E individual?
Olhando para o balanço individual também posso sentir-me satisfeito e orgulhoso. Tinha como objectivo individual ajudar o Pevidém a atingir os seus objectivos principais e superar o número de golos marcados da época passada. Quanto ao primeiro, como referi estávamos no bom caminho, em relação ao segundo, faltavam apenas 2 golos com 8 jornadas por disputar, por isso acho que também o ia conseguir atingir. As pessoas com quem me comprometi estavam satisfeitas, por isso, só tenho que estar orgulhoso.
- «Provavelmente conseguir revalidar o título de melhor marcador»
Acha que ainda podia revalidar o título de melhor marcador?
Sinceramente, nesta fase do campeonato o foco estava 100% nos objectivos colectivos. Não tinha parado para pensar em voltar a ser o melhor marcador. Faço o meu melhor para ajudar as equipas que defendo e marcar golos é a forma que eu mais gosto de o fazer. Acredito que em 8 jornadas iria fazer mais golos e provavelmente conseguir revalidar o título, mas como já referi, o meu grande objectivo esta época era ajudar o Pevidém a ser campeão.
Foi um campeonato competitivo?
Sim, há imagem do que tem sido em anos anteriores foi um campeonato bastante competitivo quer na luta pelo título, como nas equipas que lutam pela manutenção. Todas as jornadas existiam surpresas nos resultados e mudanças na tabela classificativa. Esta competitividade faz com que as equipas se preparem da melhor semana após semana o que torna a competição mais interessante.
Está a ser difícil viver sem futebol?
Sim, não é fácil lidar com uma situação deste género. Estou habituado há muitos anos a jogar futebol praticamente todos os dias e de um momento para o outro deixar de lado essa paixão, as convivências do balneário, os sentimentos que envolve o dia do jogo, entre outras coisas, não é fácil. Mas temos que ser todos bastante fortes e conscientes para combater esta fase muito delicada e no fundo perceber que o futebol não é o mais importante neste momento, mas sim fazer com que vida social volte à normalidade o mais rapidamente possível.