Miguel Veiga iniciou a época ao serviço do Cabreiros, mas acabou por sair no mês de Dezembro. No entanto, não demorou muito tempo a abraçar um novo projecto e passado sensivelmente um mês substituiu Miguel Magalhães no Martim, na Divisão de Honra da AF Braga. O treinador diz que encontrou «o melhor grupo» da Divisão de Honra e acredita que se os campeonatos regressarem o Martim vai lutar pelos lugares de subida.
O Martim ocupa o 4.º lugar a sete pontos do líder Pousa (mais um jogo) e a seis do Vila Chã, segundo classificado.
«Encontrei uma equipa de enorme qualidade»
Que balanço faz da experiência como treinador do Martim?
É um balanço positivo. Estamos na luta pelos objectivos traçados inicialmente. Estávamos iniciar um ciclo final de jogos de grande emoção e de grande responsabilidade, num grande clube e com uma grande massa adepta.
Como encontrou a equipa?
Encontrei uma equipa de enorme qualidade. Na minha opinião, o melhor plantel da divisão de Honra, série A. Fui muito bem recebido por todos os jogadores.
Quando se troca de treinador é porque algo está mal, como é lógico. Eu sei o que é ter de abandonar um grupo que se acredita e que tem qualidade, mas os resultados não ajudam e temos de sair.
Em Martim, na primeira conversa que tive com os jogadores, disse-lhes que o menos culpado foi o Miguel Magalhães, que foi o treinador que fez este plantel e que tinha depositado enormes esperanças de sucesso durante a época!
Disse-lhes que tinham de corrigir erros, aceitar novas regras e condutas e que, principalmente não podiam ser inconstantes. Tinham de querer ser melhores todos os dias e mais regulares nos jogos, com resultados mais regulares e condizentes com a qualidade do plantel e do clube que representavam. Sentir que estão num clube grande! E ter responsabilidades acrescidas. Viciados em ganhar!
Que opinião tem deste campeonato da Honra?
A Divisão de Honra é um bom campeonato. Cada vez mais os clubes, as equipas técnicas e as equipas estão mais e melhores preparadas para os desafios. Isso tudo junto eleva a qualidade, embora num “quadro” amador.
Felizmente tenho feito a minha curta carreira de treinador a pulso. Conheço bem a realidade das divisões distritais e já “provei” de quase tudo, sempre encarando com o máximo de brio e profissionalismo o projeto que abraço.
É muito diferente da Pró-Nacional?
É substancialmente diferente. Pró Nacional é o patamar superior do futebol distrital onde já se vêem 4, 5 ou 6 equipas capazes de elevar os seus objectivos para campeonatos Nacionais. As restantes, umas com mais dificuldades que outras, lutam pela sobrevivência.
O quadro competitivo é enorme, maior que na Divisão de Honra, onde podemos perder 3 ou 4 jogos seguidos como também ganhar 3 ou 4 logo a seguir. Há mais detalhe na definição do resultado.
Mesmo assim acho que na Divisão de Honra há 3 ou 4 equipas com capacidades de Pró-Nacional tanto numa série, como noutra.
- «O Académico de Martim está na luta pela subida»
Se os campeonatos regressarem ainda é possível o Martim chegar aos lugares de subida?
O Académico de Martim está na luta pela subida. Como já referi, somos amadores, o tempo de paragem já é considerável, recomeçando o campeonato não haverá tempo para fazer nova pré-época. Os últimos jogos são extremamente difíceis para todos e para quem quer subir são ainda mais difíceis.
O espaço de tempo que poderemos ter para concluir o campeonato pode ser curto e podemos ter de fazer jogos espaçados de menos tempo de recuperação, o que traz sempre dificuldades acrescidas. Será difícil para todos.
Pessoalmente adorava que os campeonatos regressassem mas acho que vai ser difícil. O que estamos a viver actualmente com o Covid-19 não dá certezas de nada, mas…
Acha que há condições para se retomar as provas?
Sinceramente, caso isto não passe do mês de Abril, acho que sim. Todos fomos apanhados de surpresa por esta pandemia. Tivemos de nos adaptar e criar novas rotinas. Fazemos adaptações diárias. Vivemos coisas que nunca vivemos na nossa vida. Porque não fazer do mês de Maio e Junho a parte final do ano desportivo? Teremos jogos de muito calor sim, mas valerá a pena pelo amor que temos a este desporto que tanta falta nos faz.
Qual a sua opinião de como deveriam ficar os campeonatos caso não recomece?
Não tenho opinião formada. Penso em muitas coisas mas não consigo chegar a uma conclusão. Deixo essa responsabilidade para a nossa Associação. Qualquer que seja a decisão não vai agradar a todos. Uns vão achar bem e outros irão achar mal. Mesmo assim acho que está na hora de nos preocuparmos com a nossa saúde e deixarmos de lado o “nosso” umbigo!
Como tem reagido o grupo a esta situação?
Falo com os meus jogadores quase todos os dias. Temos um grupo nas redes sociais onde nos comunicamos e vamos partilhando coisas durante estes dias. Sinto os jogadores do Martim preocupados com o que se passa no Mundo inteiro mas estão bem, dentro dos possíveis.
E como tem sido o seu dia-a-dia?
Tem sido tranquilo, apreensivo com o que se passa no mundo e o mais possível dentro de casa. A minha vida profissional, quando faz mesmo falta, obriga-me a sair de casa, mas tudo dentro das precauções que todos temos de tomar.