Diogo Fernandes, treinador da equipa de iniciados (sub-15) do Brufense 1957, que milita na série E da II Divisão da AF Braga, mostrou-se indignado com o facto de um dos seus adversários no campeonato ter utilizado jogadores de «dois escalões acima» para defrontar a sua equipa no jogo da segunda volta do campeonato.
O treinador alerta para esta situação de «desigualdade» nos campeonatos da AF Braga, principalmente nos clubes que têm «três ou quatro equipas no mesmo escalão» e que vão rodando os jogadores entre elas com o consentimento da AF Braga.
«Escrevo-vos para denunciar uma situação alarmante que afeta a verdade desportiva nas competições de formação da Associação de Futebol de Braga.
A nossa equipa tem realizado um percurso notável esta época: 17 jogos sem perder, 16 vitórias e quase uma volta completa sem sofrer golos. Contudo, no jogo mais recente, frente ao FC Famalicão – um duelo decisivo entre equipas separadas por apenas três pontos –, deparámo-nos com uma realidade que coloca em causa a integridade da competição: o nosso adversário utilizou uma equipa de dois escalões acima, algo completamente diferente da equipa com que havia jogado na primeira volta (derrota por 3-1) – como demonstram as imagens anexadas.
Este tipo de situação não é pontual. Clubes que possuem três ou quatro equipas no mesmo escalão fazem constantes alterações nos plantéis conforme os seus interesses, utilizando jogadores que competem regularmente em contextos superiores para garantir resultados. O efeito? Uma desvirtuação completa da competição, que impede clubes de menor dimensão de evoluir e coloca os jovens jogadores em contextos desiguais e pouco formativos.
O mais preocupante é que esta prática é permitida e até facilitada pela AF Braga.
Nesta associação:
Não existem limites ao número de jogadores utilizados por cada equipa ao longo da época. O nosso adversário por exemplo já utilizou mais de 60 jogadores nesta equipa ao longo da temporada:
Permite-se que um clube tenha várias equipas na mesma divisão (falando da 1ª Divisão), retirando oportunidades a outros clubes de subir.
Que mensagem estamos a passar aos jovens atletas?
Que não importa o trabalho e dedicação de uma equipa, pois quem tem maior poder nos bastidores pode simplesmente alterar as regras do jogo a seu favor.
Em vez de promovermos uma competição saudável, que ensine valores como a superação e o mérito, estamos a criar um cenário onde a influência institucional se sobrepõe à verdade desportiva.
O futebol de formação não pode ser tratado como um jogo de bastidores e interesses. É urgente que esta realidade seja exposta e debatida, para que as entidades responsáveis tomem medidas que garantam um campeonato justo e formativo para todos os clubes».
