Segundo a narrativa, Golias era um homem de grande estatura da cidade de Gate, um soldado campeão dos filisteus. Os escribas referiam que media 3,25 metros e usava uma cota de malha de bronze que pesava cerca de 57 Kg, somando ainda um escudo e uma lança, que só a sua ponta pesava aproximadamente 6 Kg. Por seu turno, David era apenas um rapaz que talvez atingisse apenas o peso da malha de Golias.
Dizem ainda as escrituras que que no exército israelita não havia um único homem que desafiasse Golias para um combate individual. Foi então David, o grande desafiador, que arremessou uma pedra funda, a qual penetrou na cabeça de Golias, destronando-o por terra. Nesse momento, o pequeno guerreiro, pegou-lhe na espada e entregou-lhe a morte definitiva, cortando a cabeça ao grande Golias.
Esta história encaixa em inúmeras áreas da vida mundana, sendo que no futebol poderíamos, sem receios de potenciar o papel de “David” junto de tudo o que se apresente como “Golias”!
Se acompanharmos com alguma atenção a evolução do futebol em Portugal, designadamente ao nível dos escalões de formação, facilmente verificámos que na sua estruturação há pontos com dois pesos e duas medidas, há assuntos que não se reflectem, há assuntos que não se mexem, há coisas que não se entendem porque motivo não se transformam!
Se por um lado a Federação Portuguesa de Futebol vai dando passos positivos, existem as Associações, filiadas nesta federação, que teimam em não avaliar, ouvir, refletir e transformar. No que diz respeito à AF Braga vamos partir para 2018/19 sem qualquer alteração à estruturação dos quadros competitivos, fundamentalmente nos escalões de base.
Continuaremos a descorar o fator competitividade e igualdade de circunstâncias, sem qualquer intervenção nos conceitos regulamentares nas equipas A e B dos mesmos escalões e do mesmo clube, assim com nas restrições à utilização de atletas nas mais diversas fases da temporada.
Os títulos desportivos a penderem na sua maioria para clubes com capacidade de prospecção e angariação junto dos clubes de pequena dimensão. Os quadros competitivos de sub/15, ao nível da Divisão de Honra, a darem o seu pontapé de saída na primeira semana de setembro, onde nestas idades um grande número de atletas passa férias com as famílias nesta altura ou mesmo em agosto, quando se iniciam as épocas.
Continuaremos no fundo a assistir à repetição de tanto que poderia ser melhorado e transformado em prol dos interesses da alegria e motivação dos jovens praticantes. Falámos, opinámos, enviámos comunicações com sugestões…e ninguém se pronuncia, ninguém responde, ninguém discute as sugestões.
Sabemos que qualquer clube de referência na região com influência nacional tem o seu peso e a sua medida em todo este processo e faz-se ouvir mais facilmente tal e qual como o peso que Golias tinha no seu tempo.
Paralelamente a esta consciência recomenda-se aos “Davides” que se imponham, tal e qual como o povo Hebreu o fez em 1400 a.c e de onde saiu o “tal” que derrotou “Golias”!
Os agentes desportivos dos clubes de pequena dimensão distrital devem ganhar consciência do peso que podem vir a ter nesta batalha de transformação do futebol de crianças e jovens.
Todos juntos, despidos dos conceitos “estúpidos”, de rivalidades e bairrismos, podem perfeitamente encarnar num modelo de boas tácticas de guerrilha, estratégias sofisticadas de ataque para conquistar o respeito que merecem junto das entidades que tutela o futebol distrital, para que este deixe de passar apenas pela intervenção dos “Golias”, passando também a ter a participação dos “Davides” e seja um futebol mais equitativo.