«No FC Marinhas temos um projecto diferente das outras equipas»

Que balanço faz da temporada do Marinhas?
O balanço é positivo, dentro daquilo que é o projecto do FC Marinhas nestes dois últimos anos. Estava tudo em aberto no campeonato.

Estava dentro do esperado ou perspectivavam mais?
Estava dentro do objectivo esperado, pois no FC Marinhas temos um projecto diferente das outras equipas com 90% dos jogadores, maioritariamente formados no clube e do Concelho de Esposende. Todos eles têm uma pequena compensação por presenças no treino e um prémio de jogo. Isto é igual para todos, quer para o nosso capitão, que está no clube há 20 anos, como para o atleta que está a cumprir o primeiro ano de sénior. Muitos não acreditam mas é a realidade.
Contudo, não deixa de haver ambição e competitividade em todos os jogos. Esta época tínhamos como objectivo andar nos primeiros lugares, e estávamos lá. Outro foco era fazer evoluir os miúdos e valorizá-los, com base nos jogadores mais experientes, que são fundamentais neste processo.

  • Seria difícil mas não impossível 

Ainda podiam chegar a um lugar de subida?
Na minha opinião ainda era possível devido aos pontos que nos separavam dos dois primeiros lugares (8 e 7). Ainda íamos jogar com o Amares, Martim e Vila Chã e o Pousa tinha mais um jogo. Tínhamos equipa para nos bater de igual para igual em qualquer jogo. Seria difícil mas não era impossível.

 

Foi competitivo o campeonato?
Sim, como demonstra a tabela classificativa. Agora se o nível ou a qualidade de jogo era alta ou baixa, como já vi debater, já é outra questão. Cada um com o seu estilo ou estratégia acabavam por ser competente, que é o mais importante.

E qual a equipa mais forte do campeonato?
Não acho que existe uma equipa que se superiorizasse muito até pelo equilíbrio na tabela classificativa, senão alguma teria 20 pontos de avanço sobre as outras e isso não acontece. Há muitas boas equipas, cada uma dentro da sua realidade, umas com mais argumentos financeiros, que construíram planteis com jogadores individualmente melhores, mas como se viu ao longo do campeonato outras equipas, sem esses argumentos, também fizeram planteis competitivos.
Havia equipas para todos os gostos. A Amares com boa qualidade de jogo, o Martim foi a equipa que mais dificuldade nos criou pela intensidade de jogo. O Esposende muito forte, num futebol mais objectivo, mas muito bem trabalhado. Mas sem dúvida que as sensações do campeonato são o Pousa e o Vila Chã. Equipas muito equilibradas, organizadas, agressivas, no bom sentido, que foram as mais regulares. Por isso é que ocupavam os dois primeiros lugares, como todo mérito.
O Marinhas também era das melhores. Éramos fortes em vários aspectos do jogo, mas havia mais uma série de boas equipas mesmo as que não estavam tão bem classificadas.

E jogador algum que lhe tenha ficado na retina?
O campeonato tem excelentes jogadores espalhados por todas as equipas e com valor para jogar  noutros patamares, mas os melhore eram os meus. Como jogadores estão ao nível dos melhores desta divisão e como homens melhores ainda, pelo compromisso, dedicação e amor ao clube, isso diferencia-os.

  • A maior preocupação não deviam ser as subidas e descidas

Concorda com encerramento dos campeonatos?
As opiniões dividem-se muito. Os campeonatos não terminando em campo nenhuma decisão será justa. Claro que quem está nos lugares de subida acha que deve subir e quem estava praticamente condenado a descer é beneficiado. Não é existindo promoções ou despromoções que vai trazer justiça, como também ninguém de bom senso pode tirar mérito desportivo às equipas que estavam em zona de subida.
Alguém pode por em causa, por exemplo, o que fizeram, brilhantemente, o Pousa ou o Vila Chã? Ou outros casos, como o do Esporões? O Mérito deles jamais poderá ser beliscado. Já a forma como se poderão atribuir as subidas nunca será consensual e justa porque o campeonato foi interrompido e estavam muitos pontos em disputa

Que futuro antevê para o futebol distrital?
Sinceramente, a maior preocupação não devia ser as subidas ou descidas, mas sim como vai ser o futuro do futebol distrital.  Se os clubes já sobrevivem com muita dificuldade e com poucos apoios, depois disto como vai ser? Quem vai para Presidente de um clube sem saber o que o espera e sem os apoios que vem das empresas e patrocinadores que passam por grandes dificuldades? Têm os sócios dinheiro para pagar as cotas? Têm os adeptos dinheiro para pagar sequer um bilhete na distrital? Como vai um clube arrancar uma época sem saber se vai ter dinheiro para pagar a água, gás e luz?
Não deu para acabar esta época, vai dar para começar a próxima? Por isso não sei porque estão preocupados com descidas e subidas. A associação decidiu cancelar os campeonatos, seguindo as recomendações da DGS e bem, pois o nosso bem maior é a saúde sem ela nada a seguir funcionará. Mas agora vai atribuir subida?  E os clubes que não estão envolvidos nisso não contam? E se a maioria clubes que não estão nessa luta suspenderem a competição durante a próxima época, pois não vai sabem o que os espera?  Que fará a associação?  Reestrutura tudo a partir do zero? Ficam no ar algumas dúvidas.

 

  • Quero treinar onde me sinta útil e feliz

Quanto ao seu futuro, gostava de subir mais uns patamares?
O meu futuro será sempre dentro daquilo que tenho feito, ou seja, ajudar os mais jovens a evoluir, valorizá-los e fazer com que as equipas que treino tenham, acima de tudo, prazer e sejam felizes no futebol, essa é a minha ambição. Quero treinar onde me sinta útil e feliz.
Subir uns patamares não é fácil. Não chega só fazer bons trabalhos. Não sei se é por estarmos mais afastados para litoral, mas os jogadores, treinadores e equipas daqui não têm tanta visibilidade, nem são tão falados mesmo a nível de comunicação social do Distrito. Por isso, agradeço por estas iniciativas e o vosso excelente trabalho que ajuda a encurtar distâncias e a mostrar o nosso trabalho.

 

Como se está a adaptar a estes tempos de quarentena?
Estou em casa. O trabalho acabou por parar, tento-me resguardar ao máximo para me proteger e aos meus. Aconselho toda gente a seguir as recomendações da DGS para que em breve possamos regressar minimamente à normalidade. Aproveito para deixar um grande abraço a todos os amantes do futebol distrital, daqui a nada  estamos de novo juntos onde mais gostamos de estar…num campo de futebol qualquer.