As V Jornadas Técnicas decorreram esta noite no auditório da Câmara Municipal de Amares com a presença de José Gomes, treinador do Rio Ave, e Wender, técnico do SC Braga. Sérgio Vieira, treinador do Famalicão, por motivos de calendário, não esteve presente. Sofia Pinto, presidente da ADDVH, que organizou esta iniciativa, e o Vereador do Desporto do Município de Amares, João Esteves, abriram a sessão.
Miguel Santos, dirigente da ADDVH e treinador da equipa feminina do SC Braga, moderador das Jornadas lançou a primeira pergunta sobre o papel dos adjuntos na equipa técnica.
José Gomes diz que a primeira lição que aprendeu foi que se deve ouvir os adjuntos, mas nem sempre partilhar as decisões que se tomam. O treinador deu mesmo o exemplo de quando assumiu o comando técnico do Paços de Ferreira, depois de ter sido adjunto no Benfica, em que não tomou decisões por ouvir o seu adjunto e acabou despedido.
«Pensava que ia chegar e com os novos métodos ia partir tudo. Foi uma desgraça. Partilhava excessivamente as minhas ideias com o adjunto e dizia-lhe que se podíamos mudar isto e aquilo. Ele respondia que ainda não era altura. Acabei despedido», contou o técnico.
Já Wender falou da sua experiência enquanto jogador e agora como treinador. O brasileiro diz que o que mudou foi a responsabilidade e o tempo. «Quando somos jogadores acaba o treino e vamos para casa. Agora tenho de ficar a partir pedra e a gerir quase tudo», disse Wender.
Os dois treinadores explanaram depois as suas ideias sobre a importância da pré-época no futuro desportivo das equipas. José Gomes sublinhou a importância de começar com todos os jogadores e deu o exemplo do Rio Ave.
«Foi uma das mais difíceis nos meus 23 anos de futebol profissional. Tinha 17 jogadores novos num plantel de 26 e começaram a chegar a conta gosta. Ia trabalhando com os atletas dos sub-23. É mais difícil porque estás a trabalhar com jogadores que não vão fazer parte do plantel. Alguns jogadores chegaram a uma semana do primeiro jogo», revelou.
Quando à avaliação da época, José Gomes disse que na casa das apostas era o primeiro treinador a ser despedido, mas «quem apostou nisso perdeu».
Wender diz que pré-época tem de ser uma «comunhão» de todos os jogadores e revelou que uma das razões do seu insucesso no Sporting foi não ter feito pré-época.
Durante o seminário foram ainda abordados outros temas como a relação com os jogadores que segundo José Gomes é fundamental para o sucesso desportivo.
«Podes ser o melhor treinador do mundo, mas se não tiveres os jogadores não mão não fazes nada. Se eles não quiserem, não gostaram da ideia, não adianta nada», disse o técnico.
Na segunda parte das jornadas falou-se essencialmente de formação perante uma plateia composta por muitos treinadores, jogadores e dirigentes da região.