As declarações de Moreno proferidas após o jogo frente ao Braga são, em parte, realistas e tocaram na ferida da competência e na facilidade no acesso ao IV nível.
No entanto, excedeu-se em alguns aspetos. Se é verdade que há vários fatores que dificultam o acesso ao IV nível, os mesmos não justificam a postura que o próprio teve dentro do campo e no discurso de vitimização.
Não há nenhuma perseguição ao Vitória. Existem regras e as mesmas são para serem cumpridas. Os regulamentos são claros: só pode estar um treinador de pé. No caso, o treinador principal.
Neste aspeto surge logo a primeira razão da critica de Moreno. Em vários jogos vemos mais do que um elemento do banco a pé a dar indicações.
Se não se permite que só esteja um elemento a pé, o quarto árbitro e os delegados da Liga devem tomar posições relativamente a esses incumprimentos.
Foquemo-nos no acesso ao IV nível.
O problema é comum aos restantes níveis. O tempo que se demora para se ser admitido, os valores exorbitantes e as vagas condicionadas.
É preciso rever o modelo e refletir sobre que tipo de acesso queremos ao IV nível.
Na minha opinião, deveria começar-se desde logo pela formação na regulamentação mais abrangente e clarificadora para os candidatos.
Depois, uma revisão da estruturação dos cursos de forma a torná-los mais apelativos e menos duradouros.
Outro ponto a refletir tem que ver com os valores que os candidatos são obrigados a desembolsar do seu próprio bolso e as garantias, neste caso falta delas, que os cursos dão.
Por último, reprovar veemente os vandalismos ocorridos. Não é aceitável a vandalização de carros entre outras coisas como ocorreu nesse jogo.
A responsabilidade é de quem os comete, mas os clubes devem trabalhar em prol de uma melhor segurança e em campanhas de sensibilização contra a violência.