«Há muito valor nesta equipa e não me espanta que muitos destes jogadores dêem o salto»

Jorge Silva é um jovem de apenas 21 anos que cumpriu esta temporada a terceira época como sénior. O defesa terminou a formação no FC Amares onde jogou na equipa B. O ano passado assinou pelo S. Mamede d’ Este mas o campeonato não correu bem à equipa bracarense que acabou por descer à I Divisão da AF Braga. 
Jorge faz um balanço positivo da prestação da equipa e diz que o S. Mamede iria aparecer ainda com mais força na segunda volta do campeonato para “atacar” o regresso à Honra.
O S. Mamede terminou o campeonato no 6.º lugar com 34 pontos, a dois do segundo lugar. 

 

Que balanço faz da temporada do S. Mamede?
A época passada foi desoladora e deixou o clube sem qualquer base para preparar esta época. Nem sempre as coisas correm bem e dou imenso valor aos meus colegas que levaram a temporada até ao fim.
Por isso, o S. Mamede partiu para esta época basicamente do zero, mas, felizmente, a equipa técnica e a direcção definiram um rumo, que pessoalmente me agradou muito. Construir um plantel jovem e voltar a cativar as pessoas da freguesia para o seio do clube.
Competitivamente, o objectivo sempre foi ganhar um jogo de cada vez. É arriscado partir para uma época sem qualquer objectivo a longo prazo, há sempre o perigo dos jogadores se desconectarem por não existir um foco e jogar apenas por jogar. Penso, no entanto, que esta mentalidade acabou por funcionar muito bem por se tratar de um plantel tão jovem. Cada um tem as suas ambições individuais e acabámos por entrar em todos os jogos com muita vontade de ganhar. Fomos competitivos como pretendíamos.
Chegamos ao fim da primeira volta em condições de atacar uma subida de divisão e apesar disso não nos ser exigido, creio que todos tinham esse objectivo.
É verdade que tínhamos algumas lacunas, pois somos um plantel com uma média de idade a rondar os 23 anos, notando-se alguma falta de experiência que em alguns jogos nos custou caro. No entanto, acredito que na segunda volta muitas equipas iam quebrar e nós estávamos muito bem fisicamente.
Por fim, dizer que jogo após jogo eram cada vez mais os adeptos na bancada. Foram parte crucial do nosso trajecto e por isso gostaria de lhes deixar uma palavra de apreço por todas as viagens e esforços que fizeram para nos apoiar. Queria também enaltecer o trabalho incansável da direcção e equipa técnica. Tínhamos um bom grupo e com um ambiente incrível.

A nível individual a época correspondeu às suas expectativas?
A nível de dedicação e responsabilidade foi mais uma época dentro do meu registo normal. Em qualquer projecto que estou dou sempre o meu melhor e deixo tudo que tenho em campo. Apesar de algumas pequenas lesões, sentia-me muito bem fisicamente pelo que a maior dificuldade desta época foi recuperar a confiança. Depois de uma temporada mísera a nível colectivo na divisão de honra, por vezes faltava a segurança no colega do lado para fazer algo mais arriscado.

  • A segunda volta seria deliciante

Este campeonato é competitivo?
A tabela classificativa não mente! Excluindo o primeiro lugar, que era do Esporões, o segundo e o sexto, encontravam-se à data da suspensão do campeonato, separados por dois pontos. Semana após semana eram visíveis as surpresas nos resultados. Não havia espaço para displicências. A segunda volta seria deliciante.

Qual a melhor equipa?
Não há como fugir ao facto do Esporões ter estado bastante acima das restantes equipas da série. Estou certo de que iriam manter o registo até ao fim da época, pois tem uma equipa madura e muito difícil de bater. O desfecho desta temporada é altamente penalizador para eles.

E o jogador. Algum que o tenha impressionado mais?
Há qualidade e sem dúvida que alguns podiam estar a competir noutro patamar. Referir apenas um é muito complicado. No S. Mamede posso dizer que há muito valor e não me espanta que muitos destes jogadores dêem o salto em breve.

Que opinião tem sobre o encerramento dos campeonatos?
Penso que ninguém estava preparado para isto. Inicialmente achei que nem mesmo o nosso serviço nacional de saúde estaria, felizmente estava enganado e até ao momento estamos a conseguir lidar muito bem com a situação. Os danos da pandemia são ainda incalculáveis pelo que não seria justo da minha parte não concordar com a paragem dos campeonatos.
Quanto ao desfecho determinado, a minha opinião é que qualquer que fosse a decisão beneficiar-se-iam sempre equipas e prejudicar-se-iam outras. Existiam muitas resoluções possíveis e nunca seríamos capazes de determinar qual a melhor. Simplesmente, não há parâmetros que nos permitam quantificar e escolher a menos penalizadora. Adiar os campeonatos também não acho que fosse solução devido a todas as burocracias com jogadores, isto é, contratos, fins de carreira, entre outros. A decisão tinha de ser tomada, e, bem ou mal, temos de a acatar.

  • Todos saíram prejudicados

O S. Mamede ainda podia chegar a um lugar de subida. Acaba por ser prejudicado com esta decisão?
Sim, não há como negar que acabamos por ser prejudicados com esta decisão, no entanto, como já referi, esta tinha de ser tomada e aceito-a. Não guardo qualquer rancor e para aqueles que o fazem, coloquem-se na posição dos que tiveram de determinar estas medidas e percebam que nunca existiria uma solução que agradasse a todos.
Num panorama geral, estava a ser um campeonato entusiasmante e todos os protagonistas foram prejudicados, desde jogadores a adeptos. Acredito muito no nosso projecto e nunca duvidei das nossas hipóteses de chegar ao final da época e surpreender. Foram muitos os que nos faltaram ao respeito e não nos deram o devido valor. Nada daria mais gosto do que concluir esta temporada com sucesso!

  • Dos amigos temos sempre saudades

Já sente muitas saudades do futebol?
São poucos os jogadores que jogam nos campeonatos amadores pelo dinheiro. Os que cá estão é porque realmente gostam disto. O futebol é para nós um prazer e é nestes momentos que sentimos ainda mais falta dele e de tudo que o circunda. Se existem saudades da bola, ainda mais existem dos colegas, da equipa técnica, do técnico de equipamentos e das restantes pessoas que trabalham connosco diariamente. Mais do que um grupo de trabalho somos amigos e dos amigos temos sempre saudades.

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