A expressão vem dos desportos de combate. Por exemplo, no boxe, o treinador ou o médico do lutador têm que atirar a toalha para o chão do ringue como sinal de desistência.
Começa a ser cada vez mais um comportamento de rotina dos nossos jovens praticantes da modalidade futebol, nas mais diversas variantes da sua participação no processo formativo.
A não convocação para jogos de fim de semana, bem como a não utilização como suplente em jogos, começam a ser cenários onde se “atiram inúmeras toalhas para o chão”, cujas reações comportamentais passam por desistir de lutar por um espaço, por um lugar num mundo cada vez mais competitivo.
“Quero mudar de clube”, “quero mudar de equipa”, “quero abandonar”….são cada vez mais expressões ouvidas logo no arranque dos campeonatos de futebol de formação.
Muitos fatores contribuem para estes comportamentos cognitivos que não vou de todo aqui dissertar sobre eles, até porque não é propriamente a minha área de exploração académica, todavia, quero deixar um dos meus muitos exemplos, enquanto praticante da modalidade, para pelo menos provocar reflexões sobre se ficar com a toalha ou atirá-la ao chão.
Corria o ano de 1997, havia eu terminado o meu vínculo de formação no SC Braga e partia para o futebol sénior. Entre alguns desafios propostos escolhi jogar no Montalegre na 3.ª Divisão Nacional, onde cheguei tenrinho, com apenas 18 anos, para integração num grupo com média de idades de 28 anos.
Na 2.ª eliminatória da Taça de Portugal, em jogo disputado em terras do Barroso contra o Nelas de Viseu, havia apenas dois centrais de raiz disponíveis. Eu e outro colega. Estava convicto que iria jogar, mas não entrei no onze titular. Jogou um colega adaptado naquela posição. Sentei-me no banco.
Pior do que isso é que, depois, apercebi-me que na ficha de jogo estava outro dos centrais de raiz, mas que por motivos de diligências processuais no Tribunal de Vila Real, apenas chegava ao intervalo.
Minuto 67 do jogo, esse colega, que tinha vindo de Vila Real, é chamado para aquecer e entrou em jogo. Eu continuei sentado.
Minuto 75, sou chamado a aquecer, juntamente com outro colega. Corrida à frente, corrida atrás, estiramento para a direita e estiramento para a esquerda. Aos 86 minutos, entrou o outro jogador e fiquei a aquecer até ao apito final!
Terminou a partida e um vulcão silencioso tomou conta de mim. Não, não me lamentei com ninguém, não disse ao pai, à mãe, ao irmão, ao tio…a ninguém!
Vim de folga para Braga e regressei na terça-feira para o primeiro treino da semana. Andei sempre com a toalha comigo, cheia de lágrimas invisíveis, mas nunca a atirei ao chão! Prossegui o meu trabalho na procura do e meu espaço e do meu momento na equipa.
Duas semanas depois fui titular no jogo contra o Mirandela. Vencemos 5-0 e a partir daí nunca mais perdi o lugar.
Moral da história: temos de ser duros. “Não deitem a toalha ao Chão”. Temos de superar as injustiças, temos de sofrer para alcançar as vitórias.
*Texto escrito ao abrigo do novo artigo ortográfico