Hoje pela manhã, por consequência de ser pai de um atleta juvenil, rumei ao “velhinho” Campo da Ponte, a fim de assistir a um “partidazo” de futebol que colocou frente a frente a equipa sénior feminina do SC Braga e a equipa Sub-17 do FC Amares.
Desde 2015 que já assisti a muitos jogos entre equipas seniores femininas e equipas de formação masculinas, que normalmente, estas últimas, “estagnavam” no escalão de iniciados como opositores. O rescaldo da época, traduzia sempre disputas muito similares, pendendo mais vezes o sucesso para os rapazes com idades entre os 14 e 15 anos.
Acompanhando de perto o crescimento do futebol feminino no nosso país em geral e na região em particular, bem como alguns dos seus agentes que trabalham nele diretamente, tenho de admitir que estamos a assistir a um franco crescimento do mesmo, nas suas mais diversas variantes do jogo. E se dúvidas havia, tirei-as todas hoje no Campo da Ponte, onde as “senhoras de salto alto”, vestiram fato-macaco, ombreando de igual para igual, e em muitos momentos com nível acima, contra jovens do sexo masculino já “com pelo na benta”.
O nível subiu claramente e hoje o futebol feminino já tem capacidade de competir com os sub-17 e até mesmo sub-19 do futebol masculino, o que revela o curto e rápido crescimento que estamos a assistir. Estou convicto que muito se deve ao trabalho desenvolvido pela Federação Portuguesa de Futebol, às Associações locais e naturalmente aos clubes.
Por sua vez, estão a chegar ao futebol feminino cada vez mais e melhores treinadores, com a cobertura de equipas multidisciplinares no apoio ao desenvolvimento das metodologias de treino. A exemplo, hoje vi uma equipa feminina apoiada por um staf composto por uma equipa multidisciplinar de 8 elementos, cada um com a sua especificidade.
Assiste-se também a uma aposta clara no recrutamento e prospeção, e por consequência, temos atletas mais dotadas tecnicamente e mais capazes de interpretar os mais diversos momentos do jogo com excelência similar ao futebol masculino.
Os relatos históricos que abordam a participação feminina no futebol são premiados por situações que envolvem dificuldades e superações, ou mesmo, lutas que nem sempre são apresentadas de forma explícita e aparente pelos meios de comunicação.
Creio que é o momento de dizer adeus ao preconceito que conotava o futebol feminino. A bola para o menino, boneca para a menina. Com os incentivos que a modalidade tem tido, o desenvolvimento do futebol feminino está aí em alta rotação. Ainda há muito caminho a trilhar, tal como uma maior aposta na qualidade das instalações desportivas para apoiar o futebol feminino, pois, terá que existir sempre uma separação na partilha de balneários.
As diferenças do futebol feminino para o masculino já não são assim tão abismais nesta fase, o que faz com que o mesmo ganhe terreno, palmo a palmo a caminho de uma velocidade a todo gás.