«Estamos lá por mérito próprio, nada nos foi dado de mão beijada»

Domingos Carlos Brandão Coelho, ou simplesmente Mimi como o mundo da bola o trata, fez a sua formação quase toda no Fão, onde jogou como sénior. No entanto, nos últimos oito anos (com excepção da época 2014/15, em que representou o Forjães) assentou arrais na UD Vila Chã. O capitão da equipa orientada por Jó Faria considera que a equipa fez uma «época brilhante» na série A do campeonato da divisão de Honra onde ocupava o segundo lugar com 47 pontos, menos um que o Pousa, mas também como menos um jogo.

 

Como é que está a lidar com esta pandemia?
Não é uma situação fácil, como sabemos, ninguém estava preparado. Tanto eu como o resto da equipa estamos a lidar bem, dentro dos possíveis. A pandemia obriga-nos dia-após-dia a desenvolver uma melhor e maior capacidade de resiliência e é isso que tentamos fazer.

O plantel do Vila Chã encontra-se todo bem?
Sim, estamos todos saudáveis e bem de saúde, apesar de pequenos sustos que, felizmente, não passaram disso.

E você está a trabalhar ou em quarentena?
Encontro-me em quarenta. Fui obrigado a fechar as portas do meu negócio devido à pandemia e, consequentemente, às medidas impostas.

E tem sido difícil viver sem futebol?
Tem sido muito difícil estar longe do campo, da bola e dos colegas. Quando se gosta não é fácil parar e devido a esta situação ainda pior. Tanto eu, como o resto do plantel, damos muito de nós ao futebol e parar assim está a ser muito custoso.

As saudades já apertam…
Sem dúvida! Sinto falta de tudo, desde do momento que entrava no balneário, ao momento que saía do campo. Sinto falta da emoção dos jogos, dos treinos, das brincadeiras com os colegas. O futebol é afeição.

Este longo tempo de paragem pode prejudicar a planificação da próxima época?
Sem dúvida que sim. Torna-se difícil depois de tanto tempo estagnados voltar com toda a força que nos caracteriza.

  • «É de louvar este trabalho ao longo do campeonato»

Que balanço faz da prestação da UD Vila Chã no campeonato?
A nossa equipa teve uma prestação brilhante, derivado ao grupo de trabalho que tem, tanto os jogadores, como toda a equipa técnica, demonstraram uma enorme ambição e coragem. Quero realçar que este plantel apenas tem prémios de jogo, por isso é de louvar todo este trabalho ao longo do campeonato.

E individualmente?
É um balanço positivo. Dei o melhor de mim, como tento fazer em tudo na minha vida, sempre com o objectivo de ajudar a equipa, mas sinto-me agradado e orgulhoso com o meu empenho e também da restante equipa.

Concorda com a medida tomada pela FP Futebol e seguida da AF Braga? Ou na sua opinião dos campeonatos deveriam ser concluídos?
O futebol não deveria acabar assim. Como se costuma dizer, “andamos a trabalhar para aquecer “. Seria bastante injusto para aquelas equipas que tanto lutaram para conseguir os seus objectivos, ou que investiram em jogadores para conseguir o melhor resultado, o campeonato ser concluído assim, sem haver descidas, nem subidas, nem distinção de campeão.

O Vila Chã pode sair prejudicado?
Desde o início desta época que procurámos fazer melhor, do que a época transacta, apenas com o objectivo da  manutenção.  Ao longo do campeonato, fomos fazendo bons resultados que nos colocavam nos lugares cimeiros da série A, da Divisão de Honra. Devido a esta pandemia, claro que saímos prejudicados , podíamos acabar nos dois primeiros lugares, que dão acesso à Pró-Nacional.

  • «Aqui somos, sem dúvida, uma família!»

Na sua opinião qual a melhor equipa do campeonato?
Não querendo tirar o mérito aos nossos adversários, realço que há duas excelentes equipas. Uma que não posso dizer o nome para não ferir susceptibilidades e o UD Vila Chã, sem dúvida. Os resultados falam por si. Com um jogo a menos estamos no segundo lugar. Somos uma equipa coesa e exigente em tudo o que fazemos.
Aproveito para  realçar o excelente trabalho que o nosso treinador fez. Acredita em nós até ao fim, luta connosco em todos os momentos e fez com que chegássemos até aqui! É de louvar o trabalho deste grande homem chamado Jó Faria ,nunca nos deixou baixar a cabeça. Aqui somos, sem dúvida, uma família!

 

E o jogador?
Temos um enorme leque de bons jogadores neste campeonato e é difícil referir apenas um. Mas vou destacar todos os jogadores do plantel do UD Vila Chã. Mesmo em condições adversas mostraram ser uns verdadeiros guerreiros.  Faça chuva ou sol, treinar na relva ou no pelado, o empenho era sempre enorme. Com este colectivo fantástico, conseguimos mostrar a muita gente, que não acreditava em nós, que seria possível estar no lugar que estamos nesta altura. Mas o facto é que estamos lá por mérito próprio, nada nos foi dado de mão beijada.

  • «Responsabilidade e um orgulho enorme»

Para ano mais uma época no Vila Chã?
Ainda é muito cedo para responder a essa pergunta. Já são oito épocas com este emblema ao peito e duas delas de braçadeira de capitão, que é uma responsabilidade ainda maior e um orgulho enorme. É uma casa onde sou acarinhado por todos. O futebol deu-me amigos para o resto da vida. Se houver possibilidade para tal continuarei neste clube com todo o gosto como o o fiz até agora. Caso se abram novos horizontes, irei  dar o melhor de mim para obter bons resultados sempre em prol do colectivo.

O futebol vai mudar depois desta Pandemia?
Certamente o futebol vai ter mudanças. Agora se será para melhor ou para pior não se sabe. Esperemos que seja para melhor porque isto é um desporto em que movimenta bastante o mundo. Até lá temos que cuidar da saúde que é o mais importante.