«Esta foi uma época de aprendizagem e que nos fez crescer como equipa»

Dani Vieira tem uma forte ligação ao GD Peões. O pai, Manuel Vieira, jogou no clube bracarense durante muitos anos, bem como o padrinho José Vieira, actual presidente.  Depois de ter passado pelas camadas jovens do Sequeirense, Gualtar e Merelinense, Dani rumou ao GD Peões ainda no primeiro ano de júnior para jogar na equipa sénior.

«Desde criança que via o meu pai e o meu padrinho jogar aqui e e esse também era o meu sonho», contou ao Desportivo, acrescentando.  «Nos dois primeiros anos cheguei mesmo a partilhar o balneário com eles, sendo ainda treinado pelo meu pai. Foi o treinador que mais exigiu de mim», frisou, o capitão do Peões, reconhecendo que a  “rebeldia” acabou por prejudicá-lo.

«Recebi alguns convites, podiam ter sido bem mais, não fosse o meu feitio difícil em campo, mas o que é certo é que dificilmente sairia deste clube, quer ele esteja a lutar pela subida ou nos últimos lugares. Quando me comprometo  é para ir até ao fim, nunca abandono o barco». 

 

Que balanço faz da época do Peões?
Foi uma má época, muito atípica. Estava convencido que íamos fazer uma época muito boa mas isso acabou por não se verificar. No entanto, temos que tirar algo de positivo. Esta, claramente, foi uma temporada de aprendizagem e que nos fez crescer como equipa. Tínhamos bons jogadores, com potencial para outros patamares, mas não funcionamos como equipa.
O clube recebe bem as pessoas e construímos uma família todos os anos. Para ter uma ideia do que falo, o Guilherme Abreu (Gui), que também é um dos capitães, já joga a meu lado há 12 épocas, interrompidas apenas quando representei o Estrelas de Figueiredo, único ano em que saí do Peões por motivos que não quero falar…

E individualmente correspondeu às expectativas?
Não e mentiria se dissesse o contrário. Apesar de ainda faltarem 13 jogos para o final, quando o campeonato foi interrompido, esta foi a época em que marquei menos golos nos últimos anos. Apenas seis. Queria e devia ter ajudado mais a equipa, mas nem sempre o consegui fazer. Fica desde já a promessa que no próximo ano, se o mister Talaia (que espero que fique) contar comigo, farei um ano muito melhor que este que findou.

Foi uma temporada muito conturbada com a entrada e saída de treinadores. Isso não ajudou?
Obviamente, que nunca é fácil mudar de treinador durante a época, muito menos ter três em dois terços do campeonato. Começamos com o Mister Jaime Júnior ( ex-jogador profissional), que dispensa apresentações para quem gosta e segue o futebol, o que entusiasmou os jogadores.No entanto, saiu ao fim de duas derrotas.
Ficou à frente da equipa o Brasuca (Carlos Vítor), que já tinha defendido  as cores do clube ao meu lado, que até então estava como adjunto. Foi a sua primeira experiência como treinador principal. Não correu como ele e todos nós queríamos. Mas, friso, que fez tudo o que estava ao seu alcance para que os resultados fossem outros. A culpa foi nossa, dos jogadores.
Por fim, o mister Talaia veio fazer o impossível e levantou uma equipa que estava completamente quebrada, sem motivação. Digo impossível, pois conseguiu por todos a lutar por um lugar no 11 e até na convocatória. Num clube que não paga aos jogadores ter praticamente todos presentes nos treinos é de louvar. Fica a mágoa por não termos continuado a época pois estávamos esperançados que ainda íamos a tempo de mostrar o nosso real valor.

 

  • Temos um grupo de homens muito responsáveis.

Tem maior responsabilidade pelo facto de ser capitão?
O peso é maior, pois o meu pai foi capitão do clube e o meu padrinho também. Tenho a responsabilidade de motivar os companheiros, de criar um bom ambiente em que não falte alegria e boa disposição. Mas temos um grupo de homens muito responsáveis.

Foi competitivo este campeonato?
Sim, com clubes melhor estruturados que outros, mas onde os resultados eram imprevisíveis todos os fins-de-semana.

Qual a melhor equipa da vossa série?
Talvez o Ucha. Uma equipa com jogadores muito experientes e “matreira”. Também gostei do Tadim, uma equipa muito jovem mas com qualidade.

E consegue eleger o melhor jogador?
Ao contrário de outras épocas, não vi aquele jogador que me “enchesse as medidas”. Há bons jogadores, mas não lhe consigo dizer um nome.

E as arbitragens têm melhorado ao longo dos anos?
Posso dizer que sim. Mas, por vezes, parece que tiram o curso em “escolas diferentes”. No entanto, no geral evoluiu como os jogadores e os clubes.

 

  • Os jogadores que se mantiverem nas equipas
    não deviam pagar inscrições

Concorda com o encerramento dos campeonatos?
Sim. Todos gostaríamos de continuar a fazer o que adoramos, mas primeiro está a saúde e o nosso jogo agora é outro. Esta adversidade tem que ser superada como no futebol…em equipa!

É de opinião que deviam haver subidas e descidas?
É complicado. Quem esta em posição de subida diz que sim, quem está para descer diz que não. Compreendo os dois lados. Algumas equipas apostaram nos vários campeonatos para subir e outras para se manter. Há custos envolvidos. No entanto, gostava de perguntar à AF Braga sobre o que vai fazer em relação aos custos das inscrições dos jogadores na próxima época?
Na minha opinião, todos os jogadores que se mantiverem nas equipas os clubes não deviam pagar inscrições na próxima época. Apenas pagariam aqueles que trocassem de clubes e com uma redução nos custos. Isto era uma forma da Associação ajudar os clubes que vão passar por dificuldades. A perder dinheiro que seja a FP Futebol e a AF Braga, que são os únicos a ganhar todos os anos.

Como se tem adaptado a este tempo de pandemia?
Estamos a viver um momento difícil e que ninguém imaginou passar. Deixar de fazer coisas que gosto e de estar com pessoas que costumo ter a meu lado tem sido o mais difícil. O mundo em si tem que sair mais forte e unido desta triste situação e dar mais valor ao que realmente tem valor.