«É cada vez mais generalizado o conceito de que não é através dos resultados que melhor avaliamos o sucesso no desporto de formação».

«É cada vez mais generalizado o conceito de que não é através dos resultados que melhor avaliamos o sucesso no desporto de formação».

Esta citação é a base por onde me tenho guiado na minha missão na formação e creio que apesar de se pensar cada vez mais nisto, ainda é muito pouco aplicado! Aliás, muitas vezes, vejo-me num “fosso” sem saída fruto das pressões culturais externas a “vender” resultados e a adulterar o processo.

É fácil pensarmos que o crescimento humano dos mais pequenos é o nosso objectivo principal, mas aplicá-lo é mais difícil. É fácil pensarmos em incutir uma disputa agradável dentro de campo, mas, no “quente” do jogo, com “treinadores de bancada” a puxar para um lado e os miúdos também a tentarem ir por esse caminho é difícil rejeitarmos essa tentação e não sermos éticos.

Cito ainda, Renato Paiva, treinador sub-17 do SL Benfica: «Enquanto estivermos agarrados aos dígitos na formação o processo está completamente invertido». E agrada-me que tenha sido o responsável por um escalão de uma das maiores academias do país a dizer isto. Pois apesar de ainda haver muita cultura do “resultadismo” em Portugal, ainda existem pessoas, com alguma influência no meio, que estão a trilhar um caminho que, no meu parecer, é o mais correcto.

 

É óbvio que ninguém quer perder, o desporto tem a competição e a rivalidade inerentes, mas existem outros elementos mais importantes que o resultado, como por exemplo os processos desenvolvidos em treino que tentamos aplicar no jogo e o crescimento desportivo e humano do atleta.

É por isto que ser treinador de formação, é a tarefa mais difícil do desporto, pois seria fácil colocar “X” atletas num espaço e fazer tudo para que o resultado nos fosse favorável.

Agora tentar chegar a todos os atletas que trabalham connosco e tentar retirar algum proveito deles para o seu próprio bem, já é mais difícil e, infelizmente, muitos treinadores seguem o caminho mais fácil.

Eles, por muito pouco, muitas vezes em troco de quase nada, levam com chuva, calor, insultos que os desonram, simplesmente porque adoram o que fazem e também sonham. Por estas e por outras as tarefas do treinador de formação são as mais difíceis no futebol.

Deixo aqui um tributo a todos eles – RESPECT!