Continua na ordem do dia a temática e problemática sensível sobre a intervenção dos pais na participação dos jovens atletas no futebol. Quase sempre revestida de emocionalidade e despida de racionalidade, assim como de grande proximidade, são os treinadores e restantes agentes desportivos os grandes visados de todo o processo.
Fim-de-semana, após fim-de-semana amontoam-se histórias de não convocados, não utilizados em jogo, entre outras incidências que de alguma forma resultam em problemáticas complexas de gerir.
Nesta crónica trago uma história real que se passou neste último domingo, onde um pai e um jovem jogador dão um sinal diferente na gestão da complexidade do processo emocional aqui em assunto.
O jovem jogador é atleta de um clube da nossa região, na idade de SUB/15. A posição que ocupa é a de guarda-redes, jovem que se dedica “à última razão do jogo”. Faz quatro treinos por semana, sendo um dele específico para a sua posição. Começou a trabalhar a 13 de Agosto e tem níveis de assiduidade ao treino de 100%.
O campeonato oficial que participa a sua equipa já vai na 7.ª jornada e nos últimos três fins-de-semana, soma na sua participação em jogo:
Sábado foi chamado a jogar nos sub-16, acordando às 08H00 para preencher o banco de suplentes, sem utilização.
Domingo foi incorporado na sua equipa de raiz (sub-15), acorda às 07H30 para ocupar o banco, sendo suplente não utilizado.
Sábado mais um fim-de-semana desportivo e volta ao banco, sem ser utilizado.
Domingo foi jogo, desta vez nos extremos do distrito, para jogo às 09H00, acorda às 06h30. Chega a jogo e volta a ser suplente não utilizado.
O atleta chega a casa, com um semblante “pesado”, que augurava uma profunda tristeza. O pai é conhecedor do valor relativo do seu filho em relação ao seu par, e percebe claramente que a injustiça é condição “sinequanon” do futebol e da vida.
Ao filho transmite apenas a seguinte mensagem: “filho percebo claramente a tua tristeza, sinto-a claramente no teu rosto! Por isso digo que o que estás a sentir é algo normal, na vida e no futebol, e que se repetirá muitas mais vezes.
Só existe um caminho para superares esse sentimento, comparecer no treino de segunda feira e provares ao teu treinador que estás chateado, indignado, redobrando a tua concentração, a tua atitude, o teu trabalho e empenho no treino…mantendo esse estado de atuação nos treinos seguintes, e esperares que a tua vez vai chegar e ai vais estar preparado para agarrar o que consideras que te pertence!”
No final do dia, este jovem atleta, conduziu o seu dia de forma normal, sereno e preparado para perceber estas coisas das escolhas no futebol.
Esta história de atuação, terá grandes reflexos na consolidação da personalidade deste jovem no futuro, pois diz-me de quem és filho e eu dir-te-ei que homem serás!