«Devia “empurrar-se” para mais tarde o reinício da competição, mas nunca dar a época como terminada ou anulada»

Frederico Carvalho, ou simplesmente Zezé, diz que a experiência como treinador principal tem «corrido bem».  O treinador, que  assumiu o comando da equipa do Arões após a saída de Rui Novais, estreou-se com um empate frente ao Brito no dia 12 de Janeiro.  Na altura da paragem do campeonato, devido ao Codiv-19, o Arões ocupa a 8.ª posição com 36 pontos, a nove da linha de água. Na entrevista ao Desportivo, o treinador diz que os campeonatos deviam ter um desfecho

 

Desportivo: Com o tem corrido a experiência como treinador principal?
Zezé:
Tem sido boa. Felizmente não foi preciso uma rotura com o passado, mas sim um processo de continuidade, tentando numa ou outra situação dar o meu cunho pessoal.

 Ainda jogou com alguns desses jogadores. Como tem sido convivência?
Joguei com alguns deles o que de certa forma ajudou, pois conheciam a minha postura como jogador e é a mesma que tento incutir nos meus jogadores enquanto treinador. Eles facilmente assimilaram a necessidade de diferenciação no seu comportamento em contexto de jogo e de treino, mas fora disso, continuo a ser o amigo, conselheiro e incentivador que fui com eles enquanto companheiro de equipa.

Que balanço faz do campeonato até ao momento?
Tem sido uma época com alguns altos e baixos. O objectivo inicial era atingir a manutenção o mais rápido possível. Estamos convictos que iríamos atingir uma classificação mais condizente com os pergaminhos do clube.

«A diferença faz-se
na consistência de resultado»

Que avaliação faz do campeonato?
Acho que tem sido um campeonato equilibrado onde qualquer equipa da linha de água pode ganhar a uma equipa que esteja nos primeiros lugares. A diferença faz-se na consistência de resultados, as soluções de plantel para plantel são o factor primordial para as diferenças existentes na classificação neste momento.

Acha que há condições para a prova recomeçar?
Neste momento não há qualquer possibilidade de se realizarem jogos com o mínimo de segurança para todos os intervenientes. Na minha opinião, para épocas excepcionais medidas excepcionais. Acho que se devia “empurrar” para mais tarde o reinício da competição, mas nunca dar a época como terminada ou anulada.
Nas divisões superiores haverá uma dificuldade maior devido aos compromissos contratuais de jogadores, mas ao nível distrital acho que os clubes têm legitimidade para pedir aos jogadores um esforço para se terminar a época mais tarde e de começar mais tarde a nova temporada. Lembro que a AF de Braga há uns anos atrás começava em Setembro. O Arões quando foi disputar a Pool de Descida do Campeonato Nacional Sénior esteve quatro semanas de descanso para a nova época, pois esteve em competições oficiais até ao fim de Junho.

Se não for possível recomeçar o campeonato como acha que devia ser resolvido a questão das classificações?
Seria tremendamente injusto, para equipas que andaram 20 jornadas na frente e na última semana antes da paragem terem saltado desse lugar. Ser-lhe negada a subida em privilégio de outra equipa que só lá esteve lá uma semana era injusto. O mesmo se passa no fundo da tabela.
Quando muito fazerem os cálculos das equipas que mais tempo estiveram em lugar de descida e de subida e com base nisso calcular-se o campeão e as descidas.

«Sozinhos não conseguimos
ganhar esta batalha»

O plantel está trabalhar em casa ou parado?
O nosso plantel tem trabalhado em casa, sobre uma monitorização não muito apertada. Contamos com a vontade e bom senso dos jogadores para cumprirem com os planos que lhe são entregues. Obviamente que há coisas mais importantes neste momento, como a saúde de todos nós e de quem nos rodeia.

Como tem sido o seu dia-a-dia sem futebol?
Tenho aproveitado para ver alguns documentários sobre outros desportos e tirado algum tempo para umas formações on-line que já “andava de olho” , mas que nunca tinha tempo para o fazer.
Gostava de aproveitar a oportunidade para numa época tão atípica como a que vivemos, desejar que consigamos sair desta catástrofe mais fortes, com um maior dever cívico e de cidadania e amor pelo próximo. Se há coisa que estamos aprender à força é que sozinhos não conseguimos ganhar esta batalha. Em jeito de despedida, fica então o lema do Arões SC “Unidos somos mais fortes».

 

  • Perfil 

Frederico José Ribeiro Carvalho tem 40 anos e é natural de Felgueiras. Zezé  fez a formação no Vitória de Guimarães, Ribeira de Pena, Juventude de Évora e FC Vizela. Como sénior jogou durante 20 anos em clubes como o  FC Vizela, Lixa, Felgueiras, Ermesinde, Santa Eulália e Arões, onde terminou a carreira de futebolistas na época de 2017/18 e no ano seguinte assumiu as funções de adjunto na equipa fafense. Esta época devido à saída de Rui Novais foi promovido pela Direcção do Arões a treinador principal.