Dar tempo ao tempo

O campeonato está no começo e há quem pense que a melhor forma de fazer crescer e apoiar uma equipa é com assobios, insultos, tarjas e mensagens escritas em paredes que, importa salientar, constitui um crime.

É inegável que o Sporting é a melhor equipa até ao momento.

O Benfica tem vindo a passar um ciclo positivo e de bom futebol, apesar de estar atrás dos seus rivais diretos.

Se olharmos para o Porto e para o Braga as coisas são diferentes.

O futebol praticado e as exibições de ambas as equipas têm ficado aquém do desejável. O que tem motivado o aumento de críticas e pedidos de mudanças de treinadores por parte de alguns adeptos e simpatizantes.

O adepto tem toda a legitimidade para contestar e criticar sempre que entender que a equipa não teve o desempenho desejável. Os adeptos podem, e devem, ser exigentes com a equipa e com as próprias estruturas.

Há alguns aspetos que nem sempre são tidos em conta. O início de um novo ciclo, a construção de um plantel novo e o ritmo competitivo.

Se olharmos para o Sporting, Benfica, Braga e Porto verificamos que o panorama dos 4 é muito diferente.

O Sporting vem de um projeto que se tem consolidado há 5 épocas, pelo menos. Não tem tido grandes alterações. Nesta época foi a equipa que menos mudanças fez. Isso é fundamental para o sucesso de uma equipa. Permite que a mesma já tenha rotinas e uma ideia de jogo bem vincada e assimilada.

No Benfica as coisas são um pouco diferentes. Planeou mal a época a nível de equipa, o que levou à saída de Roger Schmidt e à entrada de Bruno Lage.

A mudança de treinador fez bem ao plantel. Já há muito que se notava que a equipa não estava com o treinador e que os processos não estavam a ser bem assimilados, o que levou a resultados menos positivos.

A entrada de Lage trouxe uma nova alma e forma de jogar. O posicionamento dos jogadores nas devidas posições foi uma das mais valias.

Há ainda outra vantagem: um plantel com poucas mudanças.

A equipa teve alguns ajustamentos, mas a base está lá. Isso facilita a vida do treinador, mesmo que tenha entrado a meio da carruagem.

No Braga e no Porto as coisas são totalmente diferentes.

O Braga tem uma equipa nova, mas as coisas não saíram da melhor forma a Daniel Sousa. É verdade que não teve derrotas. Notava-se alguma falta de liderança e entrosamento entre a equipa e o seu treinador. O que levou à sua saída e ao regresso de Carvalhal.

Os registos não têm sido os melhores, mas, a verdade é que está a 3 pontos do 3º lugar. É uma equipa que tem sofrido poucos golos. Em 8 jornadas marcou 13 e sofreu 6. Isso também é relevante.

A equipa está em fase de crescimento e tem-se notado nos últimos jogos, com a exceção do Olympiacos.

Olhando a situação do Porto, a reflexão tem de ser mais profunda.

Está a iniciar um novo ciclo, com um presidente e um treinador novo.

Reforçou-se bem no mercado. Os resultados têm sido positivos. Basta ver que está a ter o melhor arranque das últimas 5 épocas. Referir que já conquistou um título esta época. Refiro-me à Supertaça

Também é importante olhar para o calendário. Nem o Benfica nem o Sporting jogaram com equipas com o grau de dificuldade que o Braga e o Porto têm jogado.

Tanto o Braga e o Porto têm feito um caminho de consolidação de ideias e de dinâmicas de jogo. Há sempre as designadas dores de crescimento.

Os adeptos têm de perceber que os jogadores não são robôs. Precisam de tempo e de uma base de apoio que lhes permita crescer de forma saudável e consistente.

Não basta criticar e exigir. Os adeptos têm de ter paciência. Não me parece justo que com 8 jogos apenas no campeonato se comece a passar a imagem de que tudo está mal e que os objetivos estão perdidos.

Temos de ter calma e saber ler as coisas.

Acima de tudo, é preciso dar tempo ao tempo.

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