Os juniores do Merelinense acabam por ver o sonho do regresso aos nacionais cortado pelo maldito vírus Covid-19 que parou o Mundo. A equipa comandada por Alexandre Martins liderava o campeonato da Divisão de Honra com mais oito pontos que o segundo classificado. O treinador diz que ainda não foi capaz de falar com os jogadores e manifestou-se contra a decisão da Federação Portuguesa de Futebol que na sua opinião foi precipitada.
Que balanço faz da época?
É um balanço positivo como comprovam os resultados obtidos. Quando o campeonato parou estávamos no primeiro lugar com oito pontos de vantagem sobre o segundo classificado e nos quartos-de-final da Taça. Estava tudo bem encaminhado para sermos campeões e voltar aos Nacionais.
Pela primeira vez, nestes últimos quatro anos, tínhamos a oportunidade de conquistar algo. Tivemos no passado grande épocas no Nacional, como foi o caso da época de 2017/18, com a subida à I Divisão Nacional de Juniores nos fugiu pela diferença de um golo, mas estar tão perto de levantar um troféu como este ano nunca estivemos tão perto.
Este é um grupo fabuloso, alimentado pelas vitórias, num clube preocupado em oferecer-nos as melhores condições e que nos acompanhou de perto com o intuito de valorizar os jogadores, fazendo um excelente trabalho na ligação com o plantel sénior.
Esperavam mais dificuldades?
Sabíamos que por mais qualidade que pudéssemos ter para sermos campeões teríamos que ser muito constantes ao longo de toda a época. Não podia haver altos e baixos e isso dá muito trabalho. Para além disso, tínhamos mais seis equipas com qualidade e uma delas era o Fafe, uma equipa que sempre se bateu connosco nos Nacionais e que no ano passado não consegui a subida.
- «Ainda não falei com os jogadores ainda me custa»
Os juniores do Merelinense acabam por ser umas das equipas prejudicadas… sente alguma frustração?
Não, não sinto frustração, claro que vejo que tudo o que preparamos e trabalhamos vai por água abaixo e isso entristece-me. No entanto, temos, acima de tudo, que compreender a situação e o mais importante é a saúde pública. Aproveito para desejar a todos os intervenientes desta “quase época” os votos de saúde, porque neste momento é o que realmente importa. Se fomos a equipa mais prejudicada? Fomos, porque estávamos a trabalhar melhor que os outros, mas os nossos adversários também saem prejudicados porque na próxima época irá lá estar o nome do Merelinense e eles também já não estavam a fazer contas a isso.
Como é que um treinador explica aos jogadores que o campeonato não contou depois de estar tão perto da glória?
Para ser sincero eu ainda não falei com os jogadores acerca do assunto. Sei que o capitão já falou com o director mas ainda me custa falar com eles. Estou à espera que o “VAR” possa anular a decisão, não sei… ainda está tudo muito a “quente”. Vamos procurar digerir melhor isto tudo, deixando que a vida retome o seu rumo normal.
- «Decisões precipitadas»
Concorda com esta posição da AF Braga?
Não, não concordo com a posição tomada pela AF Braga que se restringiu à decisão da FP Futebol. Se a FPF diz que é ano “zero”, não havendo subidas nem descidas, nós já não tínhamos para onde subir.
A meu ver foram decisões precipitadas! Ainda não decidiram nada em relação ao futebol sénior! As próprias escolas ainda não se manifestaram! Ninguém sabe quanto tempo mais isto vai durar! Só sabemos que o Euro foi adiado para o próximo ano, que os Jogos Olímpicos passam igualmente para 2021 e que para o futebol de formação foi ano “zero”.
Que medida acha que deveria ser tomada?
No meu entender, deviam ser tomadas as mesmas medidas que irão ser tomadas ao nível do futebol sénior, seja a nível Nacional ou Distrital. Sempre vi o futebol ser gerido por hierarquias. Imaginem que os campeonatos seniores, que devem ser retomados lá mais para a frente, terminem somente no final do ano e o que a nova época inicie em Janeiro próximo.
O que fazemos com os ex-juniores que passam a seniores? Vão ficar parados 9 meses? Estou só a pensar num exemplo, pois não sabemos o que vai acontecer com o futebol sénior, mas não acredito que seja a mesma medida que tomaram com o futebol de formação.
Com esta decisão precipitada a FPF e as consequentes Associações passam uma ideia de que o futebol de formação não é assim tão importante. Talvez ainda não tivessem tido tempo para cruzar a informação política com a desportiva.