Mais duas medalhas para o mealheiro de José Ramalho. O canoísta, que representa o CN Prado, continua a mostrar que é um “gigante” da canoagem mundial e com uma fome insaciável por títulos. «Isso não passa com a idade.
Tenho essa mentalidade, se é para competir é para ganhar, isso vai estar comigo até ao fim da carreira», disse José Ramalho, que nos Mundiais de Maratona, disputados em Setembro, na Croácia, conquistou a medalha de prata, em K1, e o ouro, em K2, fazendo par com o olímpico Fernando Pimenta.
«Ganhámos três títulos mundiais seguidos, penso que é inédito no desporto português. Somos o par ideal», expôs o canoísta na entrevista ao nosso jornal.
Com que expectativas partiu para este Mundial?
As expectativas eram altas, porque o corpo ao longo da preparação para o Campeonato do Mundo tinha respondido bem e fui para lá para lutar pelas medalhas, tanto no K1, como no K2. No Europeu tive vários percalços e não consegui medalhas, mas tinha a ambição de subir ao pódio nos Mundiais.
Como lhe correu a prova de K1?
Fiz uma grande prova. O início foi complicado, porque as condições do rio mudaram em pouco tempo e a primeira meia hora foi difícil para todos. O rio ficou com muitas ondas e logo a seguir à largada deparei-me com essa dificuldade, cheguei à triagem com o barco submerso e, como se sabe, nas duas primeiras voltas não há portagens, a minha sorte é que tenho um barco que é fechado à frente e atrás, por isso é que não foi ao fundo. Só que depois demorei imenso tempo a tirar a água toda do barco. Isso fez com que ficasse no segundo grupo. A partir da 2/3 portagem comecei a gerir a prova para ir no encalço deles e consegui apanhar o atleta que ia no segundo lugar, o que foi muito bom tendo em conta o que se passou no início da prova.
Quantas medalhas internacionais conquistou?
Com estas duas penso que são 36.
Falta-lhe apenas o ouro individual em Mundiais. Ainda pensa que é possível?
Já ganhei uma no “short race”. Mas enquanto o corpo corresponder ao treino e os resultados continuarem a aparecer vou tentar ganhar essa medalha. Tenho essa ambição, não o vou negar.
Continua com muita fome de títulos?
Isso não passa com a idade. Tenho essa mentalidade, se é para competir é para ganhar, isso vai estar comigo até ao fim da carreira. Qualquer prova internacional é para ganhar medalhas, sempre foi assim e há-de continuar a ser enquanto competir.
Então ainda vamos ter José Ramalho a competir ao mais alto nível por muitos anos?
Espero bem que sim, adorava, porque gosto muito de competir e de treinar. É uma coisa que vai ser muito difícil deixar de fazer. Sei que um ano terei de parar, mas enquanto os treinos me continuem a dar boas sensações e continuar a ganhar títulos não o vou fazer.
Já prepara nova época no CN Prado
«Vamos continuar a ser um clube ambicioso»
José Ramalho e a sua equipa técnica vão continuar no CN Prado por mais um ano. A revelação foi feita pelo próprio ao nosso jornal. «Mal chegámos do Mundial reunimos com a Direcção para traçar objectivos para a nova época. Conversámos sobre o que fizemos nesta época e o que podemos melhorar no próximo ano. De uma coisa podem ter a certeza: o CN Prado vai continuar a ser um clube ambicioso, a lutar por medalhas em todas as provas em que entre», disse o coordenador técnico do CN Prado.
«O balanço desta época é positivo, embora ainda não tenha saído a classificação do Nacional de Clubes. Penso que vamos conseguir o segundo lugar, o primeiro é difícil. No entanto, lembro que em termos de medalhas ainda no ano passado obtivemos 82, batemos os nossos adversários por uma grande margem, mesmo para o segundo lugar», acrescentou.
No entanto, José Ramalho sabe que enquanto o clube não conseguir aliar a qualidade ao volume de atletas será difícil chegar ao tão desejado título nacional e clubes. «A pontuação para o Nacional de Clubes faz-se através dos pontos que os atletas vão conseguindo ao longo das provas. Portanto, quantos mais atletas tiver o clube mais pontuação consegue. Temos de fazer um esforço para aliar a qualidade, que já temos e muita, ao volume de atletas, se não vai ser difícil chegar ao título de melhor clube de Portugal», concluiu.