Agridoce

O que se passou no jogo Portimonense-Porto deve corar ambos os técnicos de vergonha. Se é verdade que a forma intensa e apaixonada como se vive o futebol pode proporcionar discussões mais calorosas, não menos verdade é o facto de ambos os técnicos terem de ser mais maduros e prudentes.

Devo-lhe confessar, caro leitor, que ao fim da primeira parte, perdi a vontade de ver o jogo. Nunca tal coisa me tinha acontecido.Não foram precisos mais de 30 minutos, para que o jogo tivesse mais tempo parado do que tempo jogado. Faltas, faltinhas e idas sistemáticas a ambos os bancos. Tudo isto aqueceu e proporcionou o ambiente escaldante.

Cada um utiliza a estratégia que achar melhor. É verdade. Contudo, jogar à defesa, não é o mesmo que perder tempo. Somos um país que está na cauda da Europa a nível de tempo útil de jogo. É uma cultura que está mal enraizada no nosso futebol. Sérgio Conceição e Paulo Sérgio, agiram como duas crianças.

Eu não quero que o futebol seja um desporto de estufa. Mas, também não quero que seja um jogo de rugby.Mandar piropos e usar vernáculos, são coisas rotineiras que, até nós, que não somos profissionais de futebol o fazemos nas peladinhas entre amigos. Quando se passa para o patamar de agressão física, já não é aceitável.

Nunca tinha visto os jogadores de ambas as equipas terem de sair do campo até ao túnel, para evitar que as coisas piorassem ainda mais. O que se passa no campo fica no campo. Sempre ouvi esse lema no mundo do futebol para que não se alimente ainda mais polémicas. Ambos os treinadores reconheceram que não estiveram bem. Contudo, nas conferências de imprensa os recados por parte de um lado continuaram. Não pode.

Dois treinadores experientes têm o dever e a obrigação de não alimentar ainda mais a polémica e não vir para as conferências de imprensa dar exemplos de outros jogos e dizer algumas barbaridades.

Felizmente, o futebol não vive só de coisas más.

Termino este artigo, com referência ao jovem Dário Essugo que, aos 16 anos, se tornou no jogador mais jovem de sempre a estrear-se pela equipa principal do Sporting. A emoção e a saída em lágrimas de alegria, faz-me acreditar que ainda é possível mudar mentalidades!
Que se aposte mais na formação e se dê melhores exemplos!

Mudemos culturalmente o nosso futebol!

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