Ao longo dos tempos, a forma como vemos e pensamos a sociedade deve levar-nos a refletir e a elaborar projetos que levem a uma melhor adaptação e ao desenvolvimento da sociedade. O mesmo se aplica ao desporto.
Há três aspetos que considero fundamentais discutir e melhorar.
1) Formação:
É cada vez mais imperioso apostar na formação dos diversos dirigentes desportivos, criar mecanismos para uma maior cooperação entre as escolas e os clubes e, não menos importante, repensar e reforçar o financiamento às várias coletividades de forma a proporcionar uma maior capacidade a nível de estruturas físicas e humanas.
É fundamental envolver os pais e encarregados de educação na formação. Os mesmos devem ser elucidados sobre o papel que devem ter e, mais do que isso, consciencializar os mesmos para a importância de uma formação em que os mais novos tenham a oportunidade de crescer de forma lúdica e, ao mesmo tempo, exigente.
Quando falamos de exigência, principalmente nos escalões mais novos, falamos de compromisso e na criação de bases.
Não devemos colocar pressão nos mais novos mas, essencialmente, fazer-lhes ver que os erros são parte do processo e, por isso, os mesmos não devem ser motivo de sanção mas, pelo contrário, ser uma oportunidade para lhes mostrar o caminho a percorrer.
2) Calendarização e inscrições:
Torna-se imperioso uma maior transparência na calendarização e na inscrição de equipas. Uma das dificuldades que diversos clubes têm sentido prende-se com o facto de haver clubes que têm duas equipas do mesmo escalão a competir na mesma divisão ou em divisões acima. É importante haver um maior controlo e encontrar um mecanismo que não permita que jogadores da equipa A possam jogar na equipa B. Permitir que essas situações aconteçam faz com que haja desequilíbrios e, consequentemente, uma camuflagem da competição e da verdade desportiva. É urgente rever isso.
3) Arbitragem e disciplina:
A aposta numa maior e ampla qualificação da arbitragem é essencial para uma melhor credibilidade e transparência de um setor predominante para a prática desportiva.
A nível disciplinar também tem havido aspetos que deixam muito a desejar e que devem ser alvo de uma profunda reflexão e revisão para uma maior transparência. Não é aceitável que um jogador que seja castigado com um jogo possa competir pelo escalão acima no fim de semana em que o mesmo estaria a cumprir esse castigo.
Vejamos um exemplo prático: um atleta de iniciados que tenha levado um jogo de castigo pode competir no fim de semana de castigo pelo escalão de juvenis ou, caso haja duas equipas do mesmo escalão, pode competir pela equipa da divisão que não a mesma. Ou seja, se for da equipa da 2ª divisão pode jogar pela equipa que está na 1ª divisão.
Aqui não bate certo com o regulamento da FPF. Um jogador que seja castigado com um jogo de não pode jogar no jogo seguinte. Independentemente do escalão e da divisão. Essa é uma situação fácil de controlar e de fácil aplicação. Tem de haver um esforço e, acima de tudo, bom senso da parte de todos os intervenientes da prática desportiva.
Os pontos que elenquei acima são fundamentais para que o futebol se torne numa atividade mais atrativa, respeitadora e transparente.
Todos ficamos a ganhar.