A meio da época passada, Ricky decidiu deixar o Terras de Bouro para rumar ao Courense, clube que milita na maior divisão da AF Viana do Castelo. No entanto, este ano voltou aos campeonatos da AF Braga, para envergar a camisola do Ribeira do Neiva. O regresso aconteceu pela mão do treinador que o tinha levado para os terrabourenses.
«Não podia dizer que não ao Vitinho, ao projecto que ele me propôs e também devido às dificuldades que ele estava a ter em construir o plantel», contou o jogador ao nosso jornal.
«Custou-me um bocadinho deixar o Courense, não vou ser hipócrita, devido à envolvência com as pessoas e o clube. São adeptos apaixonados e pessoas que amam a sua terra e o clube. Em Coura deixei muitos amigos. Mas criei uma ligação muito forte com o Vitinho. Ele tocou-me no coração e, com muita pena minha, tive de deixar o Courense», acrescentou o médio, que não se arrependeu.
«A adaptação tem sido boa. Já conhecia os métodos do treinador, e também alguns jogadores, o que ajudou. A nível de clube e infra-estruturas, é o melhor que pode haver. O Ribeira do Neiva não tem condições para estar nesta divisão, mas sim mais acima. E é isso que nós nos propusemos fazer esta época, tentar levar o clube à Divisão de Honra», expôs o médio, que já apontou quatro golos.
«No início nem era primeira opção do mister, mas agora agarrei o lugar, até numa posição diferente, tenho jogado um pouco mais à frente. Já fiz quatro golos. Quando estás comprometido, como nós todos estamos, as coisas surgem naturalmente», indicou.
Esta troca implicou descer do patamar mais alto da AF Viana para o último escalão do futebol regional em Braga. «Encontra-se sempre diferenças, até porque lá jogava no que aqui se designa de Pró-Nacional e agora estou na última divisão. O nível de intensidade aqui é um bocadinho mais baixo. Mas também existe qualidade nesta divisão. Muita gente pensa que esta divisão é fraca, que tem pouca qualidade, mas cada vez mais há boas equipas, bons jogadores e bem orientados. Já não é “tudo ao molho e fé em Deus”, há muito critério no que se faz», explicou.
Série competitiva
Nestas sete jornadas disputadas até ao momento, a equipa do Ribeira do Neiva somou seis vitórias e um empate caseiro com a AD Lage. Resultados que permitem à equipa comandada por Vitinho liderar o campeonato com 19 pontos, mais um que o Terras de Bouro. «Ainda não perdemos para o campeonato e queremos manter esta onda vitoriosa para conseguirmos o nosso objetivo, que é sermos campeões. A série está muito competitiva, está muito mais forte. Posso dizer que existem nove equipas muito equivalentes. É um campeonato muito nivelado por cima e vai ser difícil, porque as equipas trabalham bem, reforçaram-se bem para conseguir os seus objectivos», apontou o jogador, esclarecendo depois que isso não quer dizer que «sejam todos candidatos ao primeiro lugar».
«Digo nove equipas que vão andar a chatear, não que sejam todas candidatas. Para além do Ribeira do Neiva, Terras de Bouro, Caldelas, Alegrienses e Lanhas, temos ainda as outras como o MJ Póvoa, o Pico, a Lage, o Oleiros, o próprio Crespos, que são equipas que podem tirar pontos aos candidatos e complicar as contas da subida. Depois, como se sabe, os dérbis excitam mais os jogadores, e esta época há muitos», anotou, sublinhando que o Ribeira do Neiva assumiu «desde o primeiro dia que quer subir e ser campeão». «É com essa ideia que vamos continuar até ao fim», garantiu.
Ricky diz que vai jogar mais dois anos
Seguir a carreira de treinador
Aos 33 anos de idade, Ricardo Miguel Pereira de Barros sabe que a carreira de futebolista está cada vez mais perto do fim. O médio quer jogar mais dois anos para depois se dedicar à carreira de treinador. «Já tive sonhos, não nego, mas se calhar no passado cometi alguns erros, o que me levou a não ir mais longe. Também tive algumas lesões graves, que foram um calvário para mim durante algum tempo. Agora, penso jogar pelo menos mais dois anos e depois quero dedicar-me à carreira de treinador», confidenciou o jogador.
«Estive na Academia de Sporting, há dois anos, mas depois não conseguia conciliar, porque também nasceu o meu filho, tinha que fazer opções. Queria deixar um obrigado à minha esposa pela paciência que tem tido, são muitas horas fora de casa», concluiu.