«Vamos dar a volta a esta fase menos positiva»

João Pedro Marques Oliveira, Jota no mundo da bola, está há nove anos no GD Prado. Exceptuando as duas primeiras épocas na formação do Merelim São Paio, o central passou o resto dos anos na academia do Faial, onde cresceu como jogador e também como homem.  Aos 18 anos, estreou-se pela equipa sénior e hoje é um dos capitães do conjunto alvinegro.
«Lembro-me que entrei bastante nervoso nesse primeiro jogo, mas com uma felicidade enorme e ao mesmo tempo muito orgulhoso pelo reconhecimento do esforço e dedicação ao clube», contou ao Desportivo Jota, na entrevista concedida antes do triunfo sobre São Paio d’ Arcos, que colocou fim a um jejum de sete jogos sem ganhar.

O que tem corrido menos bem para a equipa não ter conseguido os resultados desejados?
Penso que nos tem faltado um bocado aquela estrelinha, porque a equipa tem feito bons jogos, entrámos sempre com atitude para conquistar os três pontos e criámos muitas oportunidades de golo. Mas quando erramos, somos penalizados por isso. E muitas vezes temos esses erros a nosso favor e não os conseguimos capitalizar.

 

Têm sentido mais pressão?
Todas as equipas sabem a maneira como nós jogamos e a qualidade que temos a nível de jogo. Somos uma equipa que gosta de ter bola, que joga muito bem com a bola no pé.  Se calhar começámos a duvidar de nós próprios ao primeiro erro. Mas não sentimos qualquer pressão extra à que já estamos habituados. Estou no Prado há muitos anos e todas as épocas a ambição é a mesma: entrar em todos os jogos para ganhar e tentar ficar no topo da classificação. Nunca entrámos em campo para conquistar apenas um ponto, queremos sempre a vitória. Por isso, a pressão é a que metemos a nós próprios porque queremos sempre o melhor para a equipa.

 

Pensa que faltam apenas duas ou três vitórias para a equipa se soltar?

Estamos todos aplicados nos treinos, temos feito tudo para que corra melhor. Claro que esta não é a classificação que desejávamos. Quando começámos a época pensamos em andar no topo da classificação. Este ano, de momento, não está a ser aquilo que planeámos, mas tenho a certeza que vamos conseguir dar a volta a esta fase menos positiva.
É como diz o Ronaldo: isto é como o ketchup, só custa a sair, quando isso acontecer vem tudo de uma vez.

 

Isso também se deve ao facto de campeonato estar mais competitivo, ou não?
As equipas contra quem jogamos quase todas têm qualidade. Há umas que são mais fáceis num ou noutro aspecto, mas se fôssemos perfeitos não estávamos a jogar aqui, mas sim na I Liga. Agora, há muita qualidade nesta divisão, não podemos dizer que há jogos acessíveis, se pensas assim estás mais perto de perder.

 

Há alguma que o tenha impressionado mais?
Pela positiva gostei do estilo de jogo do Santa Maria. O próprio Santiago Mascotelos, acho que é uma equipa que tem muita qualidade, com uma ideia de jogo bastante complicada de contrariar. Acho que a nível de qualidade de jogo, sem olhar aos resultados, são as duas equipas de que gostei mais.

 

Central joga no GD Prado há nove anos consecutivos
«Gostava de conquistar um título pelo Prado»

Apesar de os resultados colectivos não estarem a ser os desejados pelo grupo de trabalho, Jota tem pontuado a época de forma positiva com o regresso à titularidade, depois de um ano marcado por alguma irregularidade.

 Como tem corrido a época a nível individual?
Não vamos estar com histórias, ninguém gosta de jogar apenas 10 minutos, quanto mais não jogar. E nesse aspecto, tenho jogado mais do que no ano passado. Também acho que tenho feito tudo para cumprir, para não falhar em nada com a equipa. Agora só faltam mesmo os resultados colectivos.

 Vê-se como o sucessor de Bruno Silva no balneário?
Vejo muito o Bruno Silva como um exemplo. Ele é o verdadeiro capitão do Prado. Por isso, é sempre bom tentar dar seguimento a uma hierarquia, se podemos assim dizer, que ele deixa no clube. Não é qualquer pessoa que tem a história do Bruno Silva no clube. E ter a possibilidade de um dia seguir a história dele, para mim, é um gosto enorme.


Ainda tem ambições no futebol?

F
alei consigo há uns anos, quando tinha 18 ou 19 anos, e na altura tinha-lhe dito que gostava de um dia experimentar o que era jogar nos Nacionais. Neste momento já tenho 24 anos, mas a ideia mantém-se.

 

Qual o sonho que gostava de concretizar no GD Prado?
Já me disseram que a festa da Taça era a coisa mais bonita que poderia haver. No entanto, pessoalmente, acho que preferia ser campeão. Para mim era mais marcante, até porque nestes anos todos de futebol nunca conquistei um título. Era uma coisa que gostava de realizar.

 

Subida aos nacionais
Um passo arriscado
Acha que tem faltado ao clube um pouco de ambição para lutar por algo mais?
O salto para os Nacionais tem de ser uma coisa muito pensada. Eu não sei como é que está o clube a nível financeiro, não faço a mínima ideia. No que toca aos jogadores, o clube até à data nunca nos faltou com nada, nunca deixou para trás alguma coisa.  Já ouvi muitas histórias de outros jogadores noutros clubes, mas isso nunca aconteceu em Prado. Agora, o salto para os Nacionais pode ser um passo um bocado arriscado. O Prado tem qualidade e capacidade para isso, mas depois faltam outras coisas.

 

É um produto da formação do clube. Como viu a subida dos juniores aos Nacionais?
É a prova do bom trabalho que se tem feito no clube. Neste caso, a maior fatia do sucesso deve-se ao coordenador, Paulo Oliveira, porque é ele quem escolhe os treinadores, que têm feito um trabalho extraordinário. A prova disso é que todos os anos sobem muitos jogadores à equipa principal. Este ano foram sete. Desde que estou em Prado o clube tem crescido imenso a nível da formação. Os juniores subiram este ano e estão a fazer uma época fantástica.

 

 

 

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