«Estes dérbis são sempre jogos de alma e de vontade e de querer por parte dos jogadores e devem ter no controlo deles alguém com responsabilidade e equilíbrio. Quando antes do jogo eu tenho um árbitro que diz “joguem à vontade, os meus critérios são largos”, essa conversa deixa-me sempre um bocadinho de pé atrás e acabou por se confirmar. Eu concordo com os critérios largos, mas tem que ser à largura total do campo e não só até o meio-campo.
Pela qualidade que têm os jogadores individual e colectivamente, o Prado não precisa que alguém venha até manchar um bocadinho aquilo que é o trabalho deles e nosso também, porque são miúdos valentes que passam frio e chuva diariamente para preparar aquilo que é o jogo e que merecem ter sempre alguém à altura para dirigir esse mesmo jogo.
Nos momentos em que nós podíamos superiorizar-nos, acabávamos sempre por ser travados em falta, mas umas faltas eram vistas de uma maneira e outras de outra. Temos uma expulsão que os dois jogadores vão disputar a bola e só o nosso é que é castigado, parece que quem grita mais tem sempre o benefício.
Aquilo que me entristece é que um jogo que tinha tudo para ser bonito, porque estava a ser até bem jogado, com jogadas muito vistosas e muito bonitas, tenha sido estragado por alguém que merecia que estivesse alguém na bancada da Federação e que pudesse avaliar o trabalho, porque o trabalho dos jogadores é avaliado, o trabalho dos treinadores é avaliado, os árbitros fazem aquilo que querem, escrevem aquilo que querem e às vezes ainda vão de viagem às ilhas como forma de prémio.
Há muita coisa que tem de ser repensada no futebol».