Luís Rodrigues começou a carreira de treinador como adjunto de Bruno Pinheiro (actual coordenado da formação do Celeirós) na equipa de iniciados, nas épocas de 2012/15, altura em que saiu para o Ferreirense, também como adjunto, mas nos juvenis, onde conquistou o primeiro título.
Na época seguinte (2016/17) regressou à casa mãe para assumir pela primeira vez o cargo de treinador principal. Este ano, a sua equipa liderava a Série A do Campeonato de Juniores, na I Divisão da AF Braga com 48 pontos, mais 9 pontos que o segundo classificado.
A paragem do campeonato “roubou-lhe” assim a possibilidade de conquistar o seu segundo troféu na ainda curta carreira de treinador.
Que balanço faz da época do Celeirós?
O balanço é positivo. Foi uma época muito boa, com um grupo de jogadores fantásticos, tivemos apenas duas derrotas até à paragem do campeonato. O único sabor amargo foi a participação na Taça da Braga. Fomos eliminados logo na primeira ronda.
Era o que perspectivavam?
Como disse tinha um grupo de jogadores fantásticos, com muita qualidade a todos os níveis. Quero salientar que tivemos cerca de 40 atletas nos treinos de captação, infelizmente não puderam ficar todos, como é óbvio. Foi aí que começou o nosso percurso.
O objectivo era a subida à Honra?
O CD Celeirós faz uma aposta muito forte e séria na formação e este ano tínhamos como objectivo a subida à Divisão de Honra da AF Braga, que é o lugar deste clube pela aposta que faz na formação.
- Estávamos focados e motivadíssimos
Quando o campeonato parou estavam no 1.º lugar. Pensa que iam conseguir manter essa posição?
Com todo o respeito pelas restantes equipas, penso que ninguém teria dúvidas que íamos ficar em primeiros. Éramos a equipa mais forte e estávamos a demonstrar isso. Tínhamos 9 pontos de vantagem para o segundo classificado (FC Amares) e estávamos focados e motivadíssimos para conseguir manter essa distância até ao final do campeonato.
Quais as maiores dificuldades que encontrou ao longo da época?
Posso dizer que foi nas convocatórias, pois tinha um grupo de 25 jogadores que trabalhavam ao máximo e davam-me essa “boa dor de cabeça”. Além disso, também fomos afectados por algumas lesões de jogadores importantes ao longo da época.
Que avaliação faz do campeonato. É competitivo?
O campeonato foi competitivo. Como disse anteriormente, acho que estávamos num patamar acima. No entanto, logo atrás estavam uma série de equipas separadas por poucos pontos, até ao 6.º lugar.
Quais as equipas mais fortes?
Havia equipas com qualidade. Posso destacar o Lomarense, que foi uma das equipas que nos ganhou no campeonato, o FC Amares pela qualidade de individual de alguns dos seus jogadores e o Este FC, pois era uma equipa bem orientada e com qualidade também.
- Muitos destes jogadores vão estar na equipa sénior
A equipa tem jogadores que podem transitar para os seniores?
Desde que estou com a equipa de juniores do Celeirós, este foi o terceiro ano , conseguimos colocar 10 jogadores da formação nos seniores do clube, o que nos orgulha imenso.
Neste momento, cerca de 70 % da equipa sénior é da formação do clube, o que revela a aposta que é feita na formação. No próximo ano não será diferente, pois pelo que tenho conversado com o Presidente a aposta na formação será ainda maior.
Não tenho dúvidas nenhumas que muitos destes jogadores vão estar na equipa sénior do Celeirós na próxima época.
Concorda com a anulação dos campeonatos?
Sempre defendi que a saúde está, e estar, em primeiro lugar e se não há possibilidade de retomar os campeonatos em segurança temos de aceitar a decisão. No entanto, achei precipitada a altura em que foi comunicada a anulação e a forma como a FP Futebol e AF Braga trataram a formação. Não respeitaram os atletas nem os clubes, até pelo conteúdo dos comunicados.
Vejo muita gente, após o cancelamento dos campeonatos seniores, dizer que estavam a gozar com esforço, dedicação de jogadores e investimentos dos clubes. Pena não ter visto isso quando foram cancelados os campeonatos de formação, pois também existe muito sacrifício dos jogadores, que fazem muitos esforços para conseguir conciliar os estudos com o futebol e alguns deles mesmo com o trabalho. Os próprios clubes também investem na formação, alguns deles só tem mesmo camadas jovens.
Para finalizar, dou exemplo desta época da formação do CD Celeirós: Tínhamos uma equipa de Benjamins com 15 jogos e 15 vitórias, praticamente campeã de série. Os Iniciados lideravam o campeonato, os Juvenis estavam no 3.º lugar, com um jogo a menos e dependiam apenas deles para chegar ao primeiro lugar e nós (Juniores) liderávamos com mais 9 pontos que o segundo.
Agora pergunto, isto é sorte? Se calhar para a AF Braga sim! Mas não. Isto é aposta e trabalho, que não merecia ser desvalorizado.
O Celeirós sai prejudicado com esta decisão.
Claro que sai prejudicado. Penso que a AF Braga tem de fazer o que outras Associações fizeram e premiar quem estava em lugares de subida. Tenho a esperança que isso aconteça, pois se vai acontecer nos seniores será de uma incoerência enorme.
Como tem sido estes tempos sem futebol?
Muitas saudades dos meus jogadores e das pessoas do clube, de treinar e conviver, estar sem fazer o que se mais gostas é difícil. Sinto imensa falta do que o futebol nos dá.
