“Sopa de pedra” no futebol de formação

Coordenadores, treinadores, pais e atletas são fundamentalmente os agentes com maior intervenção ao nível do processo formativo do futebol. As minhas experiências dentro deste processo estão recheadas de momentos extraordinários e momentos também “catastróficos”.

Com a minha mais recente retirada da gestão de um processo formativo, são centenas as histórias que farei chegar até ao meu Livro “Face Oculta – Futebol de Formação”.

Para quem conhece a história da “Sopa de Pedra”, quero aqui deixar uma antítese entre a referida sopa e a as dinâmicas do futebol de formação.

Sem a panela, o sal, as batatas, o toucinho, o feijão, a couve e as cenouras o “frade” não conseguiria fazer a sua sopa, pois, afinal, este em tempo de fome só disponha de uma pedra.

No futebol de formação, um Coordenador, sem os atletas, os treinadores, os dirigentes e Encarregados de Educação também não consegue levar a bom porto o projeto delineado.

Quando tudo corre bem, então a comunidade partilha a sopa e a satisfação é total. Quando corre mal, por tradição, sobra para o Coordenador/Frade toda e qualquer responsabilidade. Esta é condição “Sine Qua Non” para quem assume tais papéis de liderança.

Dito isto, efetivamente o papel do frade/coordenador requer muita controlo emocional, jogo de cintura e astúcia, tal como o frade que em tempo de fome, com escassez de alimentos, apenas com uma pedra conseguiu fazer uma sopa, a «sopa de pedra».

Na moral desta história, fica a nota que muito aprendi, muitas experiências vivenciei, muitos avanços e recuos operacionalizei, muitos conflitos dirimi, decisões que nunca poderiam agradar a “gregos e a troianos”, mas sempre consciente que eram para o bem comum e o melhor caminho!

Na vida começamos com o ensino no 1.º Ciclo, partimos depois para o 2.º, 3.º Ciclo, Ensino Secundário e ainda temos as portas abertas para o ensino superior.

Acabo de sair de uma licenciatura de quatro anos preparado agora para o verdadeiro mundo do futebol, onde assente em cima da modéstia e humildade, mas com muita capacidade de trabalho e fé nas capacidades e competências, outros mundos surgirão!

“O frade retirou cuidadosamente a pedra da panela, lavou-a e voltou a guardá-la no seu bornal… Para a sopa seguinte! Farei exatamente o mesmo que o frade fez na história da sopa de pedra. Levo comigo a pedra, que usei para deixar em Vila Verde uma boa sopa, que partilhei com quem a quis comer.

Esta será a pedra que levarei para projetos futuros e deixo nota geral para todos os que desenvolvem a atividade de gestão de processos formativos, em clubes de pequena dimensão: regra geral, constroem e participam em projetos com muita escassez de recursos, acreditem sempre e mesmo sem nada ou muito pouco, podem sempre com a astúcia do “Frade” fazer grandes “Sopas de Pedra” no Futebol de Formação.