Os pais andam a jogar mal futebol!

No mundo actual, dominado pelo progresso científico e tecnológico que, embora seja um bem para a sociedade, conduziu a uma inversão de valores, onde o humanismo e os valores humanos deixaram de ter a primazia, ou estão submersos num materialismo que esmaga a primazia do ser substituído pelo ter.

Neste modelo de sociedade o sucesso educativo está centrado em resultados quantitativos e no desporto focado em ganhar a todo o custo, mesmo que o preço seja a falta de cumprimento de regras e a batota, cujo o extremo são as práticas de doping.

A ética e valores pela prática desportiva pretende sensibilizar para o desporto como prática com benefícios físicos, psicológicos e sociais, em que o desempenho de modalidades desportivas, como o futebol, promovem a saúde e uma vida feliz, para além dos resultados que dependem do esforço e do talento.

A ética é essa ciência da reflexão sobre o agir e de como alcançar uma vida boa. Para isso, é preciso mover-se por valores, como o respeito, a disciplina, a tolerância, a determinação, o compromisso e a verdade, entre outros.

É fundamental que este plano de ética e valores seja assumido pelos pais que educam pelo exemplo e cujo papel fundamental não pode ser delegado para a escola ou clubes desportivos. Os pais também jogam bem ou mal, através da sua atitude positiva ou negativa, perante o desempenho desportivo dos seus filhos e do respeito pelos professores, treinadores, júris de provas ou árbitros.

Este fim de semana, os pais voltaram a jogar mal. Foram alguns os episódios que tomei conhecimento.

Em jogo da Divisão de Honra de iniciados, pais visitantes insultaram treinador e jogadores visitados com uma linguagem emocionalmente provocadora e desprestigiante. Pais que tinham os seus filhos a ouvir e a assistir. Tudo isto, em troca do ganhar, do ser campeão e subir de divisão. Que “raio” de cultura esta?

Em jogo da Divisão de Honra de juvenis, um pai e um irmão de um atleta em plena bancada e decurso de jogo, insultaram e diminuíram a honra e dignidade pessoal do treinador do seu filho/irmão, com impropérios. Mais tarde voltaram à carga com mensagens ameaçadoras!

Os valores estão completamente invertidos e as bancadas do futebol de formação transformaram-se num autêntico espectáculo de circo com animais ferozes, onde os assistentes são crianças e jovens dos 5 aos 18 anos! Se para vencer é necessário isto, então, eu prefiro perder!

Os pais andam a jogar muito mal este jogo e sofrerão as consequências no futuro refletindo-se os seus comportamentos na educação dos seus próprios filhos!