Pode ser uma utopia para muitos, mas parece-me ser real nos dias que correm o assédio a intimidação e manipulação levada por adultos a jovens atletas de formação. Não interessa o estado etário, vale tudo para atingir os fins.
Falo de conhecimento de causa, de atitudes de indivíduos adultos, que normalmente são dirigentes desportivos ou treinadores, direcionadas a uma “vítima” que normalmente são crianças e jovens praticantes de futebol.
A fase critica, normalmente ocorre, entre maio e setembro das épocas desportivas, momento em que a legislação regulamentar desportiva configura estes atletas como “livres” para abordar.
Estamos perante um novo fenómeno apelidado de manipulação digital, que é uma espécie de aproximação ao cyberbullying ou bullying online, que abre as portas para assédio 24 horas por dia, por meio de computadores, telemóveis, ou outros meios que usam a Internet.
Através dos canais comunicacionais mensager, wattsapp e outros, os “empresários” do futebol de formação que se personificam nos dirigentes, treinadores, prospetores e responsáveis por projetos de formação e até mesmo empresários, “vendem” sonhos a crianças e jovens, manipulando as suas formas de tomada de decisão nas suas opções futuras.
São alguns os casos que chegam ao meu conhecimento, onde se procuram manipular convicções, decisões, escolhas. Em outros casos chega-se mesmo ao extremo de inverter sentimentos, estimas, convicções e considerações de atletas por responsáveis e seus clubes, numa espécie de rebelião assente em interesses egocentristas.
Apesar de boa parte dos adultos e pais não tomarem conhecimento desses fatos (apenas 1 em cada 10 adolescentes contam aos pais quando são vítimas destas abordagens), esses casos são assustadoramente comuns.
É necessário que os pais acompanhem de perto o que acontece na vida virtual dos seus filhos, e uma dica dada por muitos especialistas é que os computadores utilizados por crianças e adolescentes precisam estar em locais centrais nas residências.
Os pais precisam acompanhar o tipo de comunicação que os filhos vão tendo, no sentido de intervir em todos os casos similares aos aqui descritos.
Os pais devem tomar parte ativa em todos estes processos comunicacionais, sob pena de verem os seus filhos a tomarem decisões manipuladas.
Afinal estamos a falar de menores que ao abrigo da nossa legislação, são juridicamente “incapazes” de tomarem as suas decisões baseadas numa análise centrada exclusivamente naqueles que têm um poder de influência muito forte sobre eles, pelo mediatismo que o futebol lhes provoca, assim como a capacidade de influência que estes podem ter nas simples frases/promessas” “vais jogar”…”és tu e mais dez”…”és craque”!
A ação de um adulto influenciar geralmente em proveito próprio usando os meios digitais disponíveis nas redes sociais, começa a ser um perigo silencioso que requer sensibilização e preocupação pois considero que já se trata de uma ameaça digital.