«80% dos atletas do escalão de juniores tiveram a oportunidade de treinar com os seniores»

João Castro, Coordenador da Formação da AD Ninense, conversou com o Desportivo sobre o trabalho desenvolvido no clube famalicense, que movimenta mais de uma centena de atletas desde o escalão de petizes até aos juniores. As dificuldades, ambições e projectos para o futuro foram alguns dos temas abordados. 

Quantos atletas movimentam na formação da AD Ninense?
Nesta época decorrente a nossa formação movimentou cerca de 120 atletas distribuídos por 7 escalões: juniores, juvenis, iniciados, infantis, benjamins, traquinas e petizes.

Têm sentido dificuldades em recrutar jogadores?

Sim, temos avaliado que nos últimos anos o número de atletas oscila bastante devido também à situação geográfica, mas sobretudo ao surgimento de mais clubes, como por exemplo os franchisings de clubes de renome que chegam a ter cerca de seis ou sete equipas em alguns escalões o que dificulta o surgimento de novos atletas para os clubes à volta.

 

  • Criamos vários projectos para cativar novos atletas

Como é feito esse recrutamento?

Na preparação de época avaliamos e criamos vários projectos para cativar novos atletas, focados sempre na divulgação da qualidade e modo de trabalho no nosso clube. Também optámos por realizar vários torneios para ficarem a conhecer as nossas óptimas condições de trabalho. Nos escalões de juvenis e juniores, principalmente, ao longo da época as equipas técnicas focam-se também numa breve avaliação dos adversários e nos seus melhores atletas para mais tarde termos uma base de dados sobre alguma hipótese que consideremos interessante.

Tem sido fácil arranjar directores ou seccionistas?
Não, de todo. O amor pelo clube da terra e tradições tende a perder-se e isso influencia na falta de pessoas para ajudar. Felizmente, temos um grupo fantástico de directores fiéis ao longo dos anos que nos ajudam e nunca nos falham.

Que balanço faz da temporada da formação da AD Ninense?

Apesar de não ter terminado, e ter ficado ainda muita coisa por fazer, faço um balanço positivo. Devido a questões internas iniciamos a preparação da época um pouco mais tarde, o que nos levou a fazer algumas coisas “em cima do joelho”, mas foi também aí que ficamos a saber do que somos feitos e juntos ultrapassámos vários problemas.

A nível de competição, e as equipas a que damos um pouco mais de valor nesse factor, portaram-se bem, Os juniores disputaram a liderança do campeonato do inicio ate à paragem, o que levou à subida de divisão, e os juvenis estavam a fazer um campeonato tranquilo e na altura da paragem do campeonato estavam a entrar na luta pelos lugares cimeiros.
A nível formativo e de passagem de jogadores para um contexto mais exigente foi fantástico. Pontualmente foram realizadas avaliações a todos os atletas e aqueles que apresentavam necessidade de experimentar um contexto mais exigente foi-lhes dada a oportunidade de o fazerem no escalão acima com a ida a vários treinos e jogos. Este processo teve o alcance de toda a formação desde os petizes aos seniores.

 

  • Campo de futebol de 7 para apoio à formação

Quais os projectos do clube para o futuro?
Actualmente, a AD Ninense tem uma posta forte na formação e o maior projecto é e será a subida e aproveitamento de jogadores da formação no escalão sénior.
Temos também vários projectos em carteira para melhorarmos a retenção de jogadores no nosso clube, pois consideramos importante, não só criar condições para cativar novos jogadores, mas também criar cada vez melhores condições para mantermos os que já são “nossos”.
Esta nova época que se aproxima iremos dar início ao processo de certificação da formação, algo que consideramos fundamental para a evolução de tudo e todos.
A nível de estruturas temos um projecto já em andamento da criação de um campo de futebol de 7 para apoio à formação.

Têm aproveitado o trabalho feito na formação?
Sim, sem dúvida. Esta época já contávamos com três atletas formados no nosso clube na equipa sénior. Foi também frequente a ida dos atletas juniores ao escalão sénior. Cerca de 80% dos atletas do escalão de juniores tiveram a oportunidade de treinar com os seniores e os que aproveitaram da melhor maneira essa oportunidade chegaram mesmo a ser convocados e a entrar em jogos oficias.

 

  • Temos tudo o que necessitamos

O clube proporciona boas condições de trabalho aos atletas e treinadores?
É algo que nos focamos esta época e evoluímos bastante. A nível de instalações temos tudo o que necessitamos desde vários balneários, duas salas de fisioterapia e uma sala de imprensa e palestras, um com de futebol de 11 e um de futebol de 7, entre outras infra-estruturas. Adquirimos também variados materiais de uso em treino.
Em relação aos recursos humanos, contamos com três pessoas no departamento de fisioterapia da formação para dar apoio em todos os treinos e contamos também com um departamento de nutrição para a avaliação dos atletas.
Na formação, contamos com a equipa da coordenação composta pelo José Luís Barbosa, Paulo Pereira, Manuel António e por mim, pessoas essas a que só tenho de agradecer por todos os ensinamentos e por todo o esforço e dedicação.

O que é que os diferencia dos outros clubes?
Penso que a resposta à última pergunta vai de encontro a esta. Nós fazemos uma comparação, para sabermos o rumo que temos de seguir com os clubes mais próximos e penso que oferecemos variadas condições, que achamos essenciais, como a presença assídua do departamento de fisioterapia e nutrição, por exemplo. Mas marcamos a diferença, sobretudo, pela nossa capacidade de organização e por termos um número óptimo de pessoas que apoiam cada equipa garantindo que tenham sempre as melhores condições possíveis e para que cada um se preocupe a realizar o seu trabalho específico.

 

  • Precisamos dos seus encarregados de educação

Qual o relacionamento com os encarregados de educação?
Tentamos ter um relacionamento aberto com todos para se sentirem à vontade de falar, nomeadamente apresentarem as suas ideias, soluções ou reclamações.
No entanto, temos o devido cuidado para que falem com as pessoas certas (coordenação) e não com os treinadores. Não que não o possam fazer, mas em questões relacionadas directamente com as equipas ou jogadores em individual achamos correto passarem primeiro pela coordenação.
Um clube precisa dos jogadores assim como precisa dos seus encarregados de educação, são indispensáveis e apesar de surgirem problemas ao longo das épocas, como acontece em todos os clubes, fazemos sempre por ter a maior estima e respeito por eles.

Que avaliação faz da formação na AF Braga?
Não tenho um termo de comparação pois não tenho conhecimento de outras realidades, no entanto penso que cada vez se trabalha mais e melhor.
Existem vários clubes preocupados em evoluírem a pensarem no futuro e com pouco fazem muito. É óbvio que existe muito para evoluir, nomeadamente na preocupação dos clubes e treinadores com a evolução de jovens atletas e não apenas com títulos.
Penso também que com a certificação da formação, algo que muitos clubes da nossa associação estão a aderir, irá existir uma evolução enorme.